terça-feira, 2 de abril de 2019

Deixei a homossexualidade por amor.


É fácil para as pessoas interpretarem mal por que eu saí de uma vida de relacionamentos românticos e sexuais com mulheres. Elas esticam a lista de renúncias juntas como se fosse um colar – diga não para aquele amor antigo, não para antigos padrões sexuais, não para gratificantes atrações que não pedimos, não para uma forma de vida. E para alguns, isso se parece com um tipo de adorno. Para muitos outros, um colar que irrita a pele.

Minha vida, contudo, é sustentada por um retumbante sim, um sim que só é encontrado em Jesus Cristo. Como um diamante pesado em sua mão, que o faz desviar o olhar por causa de seu brilho de arco-íris, se aproximar para conhecer Jesus tem continuamente revelado quão sujo, superficial e artificial são as coisas que eu costumava considerar como tesouro.
Mas Deus me salvou e me mostrou que dizer sim para Jesus é muito melhor.

Uma autenticidade melhor

Talvez nada carregue mais cache cultural hoje do que o desejo pelo autêntico, especialmente em si mesmo. Mas como nós podemos dizer o que nosso autêntico eu é? A resposta da cultura que nos cerca é que deveríamos olhar profundamente para o interior, extraindo nossos desejos. Porque eles nascem de dentro de nós, eles devem ser a chave para quem nós somos. Temos apenas uma vida. A maior tragédia é desperdiçá-la nos forçando a entrar nos moldes de outra pessoa.

Isso encontra força especialmente no domínio da sexualidade, onde os limites são lançados como repressões que estrangulam nosso verdadeiro eu. Porque eu ainda sinto mas não busco atrações do mesmo sexo, o mundo me chama de insensata, como alguém tentando represar o Rio Mississippi com palitos de picolé. Eles vêem um não a essas atrações como algo muito fraco para conter seus desejos.

E eles estão certos. Aquele não é muito fraco para resistir ao que flui naturalmente de dentro de mim. Mas a melhor autenticidade que Jesus Cristo me revelou é forte o suficiente para suportar e superar, porque isso me atrai para longe.

Se dar a rédea solta para os meus desejos fosse a chave para a vida, porque isso me trouxe felicidade apenas algumas vezes? Tal como muitas vezes, eu colhi mediocridade ou dor. Ao contrário do que eu acreditava, buscar meus desejos naturais não criava realização, nem os meus desejos eram totalmente confiáveis só porque eles eram, e são, “reais”. Uma coceira pode ser muito real, gritando para ser coçada. Mas para algumas enfermidades, coçar apenas aprofunda a ferida. Uma cura diferente precisa ser encontrada.

Uma verdade melhor

Jesus me ensinou a verdade sobre mim mesma: que eu nasci como portadora da imagem corrompida. Criada à imagem de Deus, eu ainda conseguia refletir algumas coisas sobre ele. Meus desejos por si só geralmente expressavam verdadeiras necessidades que Deus construiu em mim; sexo era sua ideia primeiramente. Mas eu não era capaz de entendê-las da forma correta.

Eu nasci em rebelião, um natimorto espiritual. Minha capacidade de carregar a imagem de Deus estava deformada, um emolduramento de casa apodrecido que iria desmoronar debaixo de qualquer alinhavamento da vida a isso. Meus desejos precisavam de interpretação, não uma obediência cega. Mesmo na inocência eles ainda eram significantes para ser sinais, não mestres. Agora caídos, eles exigem escrutínio extra, porque eles surgem na minha carne, que é naturalmente hostil a Deus (Rm 8.7).

Jesus me ensinou que meu autêntico eu não era essa criação caída. Meu autêntico eu é aquele coberto por sua justiça, perdoado por sua morte expiatória, lavado por seu Espírito, bem vindo à sua família, empunhando a espada da sua Palavra. Jesus me comprou da escravidão dos meus desejos e me deu seu poder para entendê-los e redirecioná-los. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o domínio próprio é o fruto do Espírito.

Uma liberdade melhor.

De fato, eu sou mais que uma vencedora em Cristo. Ele me equipou não apenas para dizer não, mas para crescer em entendimento da bondade do seu plano em primeiro lugar. Eu não tenho medo de nomear minhas tentações, porque não existe condenação para mim em Cristo, e eu tenho o poder do Espírito para escapar delas (1Co 10.13). Negá-las, reprimi-las, não me dá poder; tende apenas a enganar e atrasar. Chamar elas pelo nome e submetê-las a Cristo apenas rouba delas o poder da escuridão e do sigilo. Na luz, elas são expostas em seus farrapos.

Na luz eu consigo começar a ver que, no seu melhor, sexualidade e casamento são eletrificantes porque revelam o anseio poderoso de Deus de estar com sua noiva e nossa expectativa de unidade com ele. Quando minhas tentações são fortes, eu posso lembrar que cada um de nós é nascido sexualmente corrompido, mas não tão corrompidos ao ponto de estarmos além da re-criação em Jesus. Seu presente da sexualidade pode ser recuperado e vivido como foi originalmente projetado, seja no celibato ou casamento heterossexual, enquanto crescemos no conhecimento dele e no conhecimento de nós mesmos.

O Melhor Sim.

Isso não é limitado à sexualidade. Nossa carne tenta numerosas táticas para nos enganar, prometendo que se usarmos os dons de Deus da nossa maneira criaremos uma vida melhor. Isso é tão velho quanto o jardim. Mas dinheiro, poder, família, saúde, descanso, todas as coisas boas que Deus imaginou para nós, desmoronam e apodrecem quando arrancamos da mão dele. Um sim para a tentação é um sim para o desapontamento, dor e efemeridade. Resistir isso sem Cristo apenas adia o problema para mais tarde ou nos mergulha em uma armadilha mortal diferente.

Mas um sim para Jesus nos veste em sua justiça, nos levanta em dignidade, e nos abençoa com propósito. Um sim para Jesus nos liberta para descobrir os dons que ele nos deu, e ainda mais chocantemente, para descobrir que onde nós somos fracos, ele é forte. Um sim para Jesus nos pulsa com uma vida tão vibrante que percebemos isso de fato como a autenticidade que sempre almejávamos, porque nós estamos conectados com a própria vida e todas as promessas de Deus para nós estão sim em Cristo.
Amigos, isso é um lindo sim, um sim que exclui todas as coisas menores. Não é um sim a ser lamentado, mas para ser desejado.

Por: Rachel Gilson. © Desiring God Foundation.Website: desiringGod.org. Traduzido com permissão. Fonte: I Left Same-Sex Romance for Love. Original: Deixei a homossexualidade por amor. © Voltemos ao Evangelho. Website: voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Tradução: Marcelo Rigo dos Santos. Revisão: Filipe Castelo Branco. Rachel Gilson é diretora de desenvolvimento teológico na Cru Northeast. Ela é bacharel em História pelo Yale College e está concluindo seu mestrado no Seminário Teológico Gordon-Conwell.