sexta-feira, 29 de julho de 2016

O Ódio de Deus


Kyle Baker

Tradução: Rogério Portella

É comum ouvir-se hoje nas igrejas a respeito do amor de Deus. Porém, coisa raríssima é encontrar o ódio de Deus como tópico de debate. Quando isso acontece, usa-se certo adágio para princípio de conversa: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador!” Pergunte à maioria dos crentes professos a respeito do ódio de Deus e eles lhe responderão de modo similar.

Examinemos as Escrituras para ver se isso é verdade!

Inicialmente, permita-nos responder à pergunta: “Deus odeia o pecado?”

Hebreus 1.8, 9: “Mas a respeito do Filho, diz: ‘O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amas a justiça e odeias a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria’.”

O escritor de Hebreus cita uma passagem de Salmos e a aplica ao Senhor Jesus Cristo. É claro que Deus ama a justiça e odeia a impiedade. Portanto, Deus odeia o pecado! Isto também é afirmado em outras passagens:

Provérbios 6.16-19: “Há seis coisas que o SENHOR odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos”.

Estas — é claro — não são as únicas coisas que Deus odeia; elas são apenas uma pequena lista. Podemos dizer “amém”, de coração, à primeira parte do adágio sob exame: “Deus odeia o pecado”.

Permita-nos responder a pergunta: “(Mas) Deus ama o pecador?”

Salmos 5.3-7: “De manhã ouves, SENHOR, o meu clamor; de manhã te apresento a minha oração e aguardo com esperança. Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar. Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal. Destróis os mentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o SENHOR detesta. Eu, porém, pelo teu grande amor, entrarei em tua casa; com temor me inclinarei para o teu santo templo”.

O salmista diz que Deus “odeia todos os que praticam o mal” e que ele detesta “os assassinos e os traiçoeiros”. Aqui Deus odeia o próprio pecador, não só seus pecados. Repare no contraste: Deus odeia o praticante do mal, mas ama o salmista com “grande amor”.

Salmos 11.4-7: “O SENHOR está no seu santo templo; o SENHOR tem o seu trono nos céus. Seus olhos observam; seus olhos examinam os filhos dos homens. O SENHOR prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia. Sobre os ímpios ele fará chover brasas ardentes e enxofre incandescente; vento ressecante é o que terão. Pois o SENHOR é justo, e ama a justiça; os retos verão a sua face”.

Percebemos que a alma de Deus odeia quem ama a injustiça, e sobre tais pessoas ele derramará brasas ardentes e enxofre incandescente como castigo eterno. Repare também aqui que Deus odeia o ímpio, mas ama o justo!

Romanos 9.10-16: “E esse não foi o único caso; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo pai, nosso pai Isaque. Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama — foi dito a ela: ‘O mais velho servirá ao mais novo’. Como está escrito: ‘Amei Jacó, mas rejeitei [gr., odiei] Esaú’. E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma! Pois ele diz a Moisés: ‘Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão’. Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus”.

Antes de Jacó e Esaú terem nascido e antes de eles terem feito o bem ou o mal, Deus já fizera a escolha de quem amaria e de quem odiaria. Isso aconteceu exclusivamente para que o bom propósito de Deus e seus atributos pudessem ser conhecidos (Rm 9.17-23). O amor e o ódio de Deus não dependem da “vontade humana”, mas apenas de Deus. Por ser o supremo governante e criador do universo, é natural que Deus tenha o direito de escolher a quem amar e a quem odiar.

Portanto, o adágio “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”, segundo a Bíblia, é falso. A afirmação encontrada na Escritura a respeito do ódio de Deus pode causar duas reações em quem a ouvir. Ela é capaz de endurecer o coração de modo a quem alguém diga: “Como o Deus descrito pela Bíblia pode ser justificado ao agir dessa forma?”. Essa pessoa também é capaz de pensar:

“Não posso servir a um Deus que não ama todas as pessoas”, ou talvez: “Nunca fiz nada de mal para merecer o ódio de Deus”. Além disso, outras pessoas afirmarão sua incapacidade de julgar a Deus dessa forma (Rm 9.20). Eles percebem que a Palavra de Deus é a descrição verdadeira de Deus, e que esses atributos de Deus devem ser aceitos. Na verdade, eles não devem ser só aceitos, mas devem ser motivo de júbilo; porque este é Deus, e precisamos nos regozijar na verdade de sua revelação!

As passagens acima fazem distinção entre o ódio e o amor. Deus odeia quem pratica o mal, mas ama o salmista. Deus odeia o ímpio, mas ama o justo. Deus odeia Esaú, mas ama Jacó. Qual é a diferença? Como um pode ser ímpio e o outro justo? A diferença é Jesus Cristo e sua obra realizada na cruz. Por causa do sangue de Cristo vertido, os eleitos de Deus são declarados justos (Rm 5.9). A diferença não é questão de quem peca e de quem não o faz, por que não há diferença; todos pecaram e estão destituídos da graça de Deus (Rm 3.22,23). A diferença é Jesus Cristo, e apenas ele!

Deus não ama e odeia as pessoas. Elas são amadas ou odiadas — esses são pensamentos opostos na Escritura. Quem foi comprado por Jesus Cristo na cruz jamais foi odiado por Deus. Vimos que a Escritura afirma o ódio de Deus pelo pecador, mas aquele por quem Cristo morreu nunca é considerado pecador aos olhos de Deus. Ele foi eleito e amado em Cristo desde antes da fundação do mundo (Ef 1.4,5). Quando Deus olha para seus filhos (aqueles a quem ele escolheu amar), ele não os odeia porque sua inocência foi assegurada pelo Senhor Jesus Cristo.

Efésios 2.4, 5: “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos”.

Repare no que Paulo diz: Deus ama os eleitos mesmo quando estavam mortos em transgressões. (Em outras palavras, quando eles chafurdavam no pecado, antes de serem regenerados.) É responsabilidade de toda pessoa pesquisar as Escrituras e descobrir se ela é um filho amado de Deus, ou se ela se encontra entre aqueles que Deus escolheu odiar. Um se regozijará com a revelação de Deus, o outro endurecerá o coração contra a verdade.

Fonte (original): http://www.bornfromabove.com

Estima Stênio Marcius

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Posso todas as coisas?


“Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Filipenses 4:13-13)

Esta é uma gloriosa promessa escrita pelo apóstolo Paulo. Um texto áureo, conhecido por todos os cristãos do mundo. Santos de todas as épocas já encontraram neste texto consolo e refúgio.

Entretanto, a grande maioria interpreta este versículo de maneira equivocada, fora do seu contexto. Os crentes contemporâneos entendem que este versículo é uma permissão para conquistar aquilo que desejam. Usam este versículo como pretexto para suas vitórias como se dissessem: “Eu posso vencer, eu posso conquistar, eu posso romper, eu posso prosperar”. Enfim, o que eles estão a dizer é que eu posso qualquer coisa naquele que me fortalece.

Não é isso que Paulo está ensinando aos filipenses, este texto tem que ser interpretado à luz do seu contexto. A chave para interpreta-lo é o versículo anterior. Vejamos o que ele diz:

“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. “ (Filipenses 4:12-12).

Paulo estava ensinando aos filipenses que Cristo lhes daria graça para suportar o sofrimento ou viver em qualquer circunstância. Para isso, Cristo os fortaleceria.

Portanto, a maneira correta de interpretar este texto e nos apoderar desta grandiosíssima promessa seria assim: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Posso estar abatido, posso sentir fome, posso padecer necessidade, posso suportar a dor e o sofrimento porque Cristo me fortalece, ou seja, me confere graça e todos os recursos necessários para que eu atravesse as tribulações e os desertos desta vida.

Com esta promessa, quero lhe encorajar, querido irmão em Cristo, que está passando por uma adversidade ou por alguma intempérie: Cristo prometeu nos dar forças nestes momentos difíceis, nas piores provações, nos mais agudos, Cristo estará com você guiando e te consolando. Vindo a prova que vier, você poderá dizer junto com Paulo: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

Em Cristo,


Paulo Junior - Ministério Defesa do Evangelho

Jimmy Needham - Hurricane (tradução)

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Não Desperdice Seu Câncer


Por John Piper

Estou escrevendo estas palavras na véspera da cirurgia do câncer na minha próstata. Creio no poder de Deus para curar — por meio de um milagre e da medicina. Sei que é certo e bom orar pelos dois tipos de cura. O câncer não é desperdiçado ao ser curado por Deus. Ele recebe a glória — e isto porque o câncer existe. Então, não orar pela cura pode desperdiçar seu câncer. Mas a cura não é o plano de Deus para todos. E existem muitas outras formas de desperdiçar seu câncer. Estou orando por mim e por você, para que não desperdicemos esta dor.


1. Você desperdiçará seu câncer caso não creia que isto foi planejado por Deus
Não diga que Deus apenas usa nosso câncer, mas que não o planeja. O que Deus permite, ele o faz por uma razão. E está razão é sua vontade. Se Deus prevê desenvolvimentos moleculares tornando-se cancerígenos, ele pode deter isto ou não. Se não, ele tem um propósito. Por ser infinitamente sábio, é correto chamar este propósito de plano. Satanás é real e causa muitos prazeres e dores. Mas ele não é a causa última. Assim, quando ele atacou Jó com úlceras (Jó 2:7), Jó atribuiu-as a Deus (2:10), e o escritor inspirado concorda: “e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado” (Jó 42:11). Se você não crê que seu câncer lhe foi planejado por Deus, você o desperdiçará.

2. Você desperdiçará seu câncer caso creia que ele é uma maldição, e não uma bênção
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós ” (Gálatas 3:13). “Contra Jacó, pois, não há encantamento, nem adivinhação contra Israel” (Números 23:23). “Porquanto o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão.” (Salmos 84:11)

3. Você desperdiçará seu câncer caso procure conforto em suas chances em vez de procurá-lo em Deus
O plano de Deus em relação ao seu câncer não é treiná-lo no cálculo de chances racionalista e humano. O mundo consegue conforto em estatísticas. Os cristãos não. Alguns contam seus carros (porcentagens de sobrevivência) e outros contam seus cavalos (efeitos colaterais do tratamento), mas nós confiamos no nome do Senhor, nosso Deus (Salmos 20:7). O plano de Deus é claro em 2 Coríntios 1:9: “portanto já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos”. O objetivo de Deus relativo ao seu câncer (entre várias outras coisas boas) é derrotar a autoconfiança em nosso coração para podermos descansar completamente nele.

4. Você desperdiçará seu câncer caso se recuse a pensar na morte
Todos nós morreremos caso Jesus não retorne em nossos dias. Não pensar sobre como seria deixar esta vida e encontrar Deus é tolice. Eclesiastes 7:2 diz: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração”. Como você pode aplicar esta verdade a seu coração se não pensa nela? Salmos 90:12 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Contar seus dias significa pensar sobre quão poucos eles são e que terminarão. Como você conseguirá um coração sábio se você se recusa a pensar nisto? Que desperdício, caso não pensemos sobre a morte.

5. Você desperdiçará seu câncer caso pense que “vencê-lo” significa sobreviver e não aproximar-se de Cristo.
Os planos de Deus e os planos de Satanás para seu câncer não são os mesmos. Satanás deseja destruir seu amor por Cristo. Deus planeja aprofundá-lo. O câncer não vencerá se você morrer, apenas se falhar em aproximar-se de Cristo. O plano de Deus é privá-lo do alimento do mundo e satisfazê-lo com a suficiência de Cristo. Isto tem o objetivo de ajudá-lo a dizer e a sentir: “tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”. E saber, portanto, que “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 3:8; 1:21).

6. Você desperdiçará seu câncer caso gaste muito tempo lendo sobre o câncer e não o suficiente a respeito de Deus
Não é errado ler sobre o câncer. Ignorância não é virtude. Mas, o desejo de saber mais e mais, e a falta de zelo pelo conhecimento contínuo de Deus é sintomático no incrédulo. O objetivo do câncer é acordar-nos para a realidade de Deus, colocar sensações e força no mandamento “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6:3), acordar-nos para a verdade de Daniel 11:32: “O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas”, tornar-nos carvalhos indestrutíveis e firmes : “antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite. Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará. “ (Salmos 1:2,3). Que desperdício lermos dia e noite sobre o câncer e nada a respeito de Deus.

7. Você desperdiçará seu câncer caso se isole em vez de aprofundar seus relacionamentos manifestando afeição
Quando Epafrodito trouxe os presentes enviados pela igreja de Filipos para Paulo, ele ficou doente e quase morreu. Paulo diz aos filipenses: “porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente” (Filipenes 2:26). Que reação maravilhosa! Não diz que estavam angustiados porque Epafrodito estava doente, mas que ele estava angustiado porque os filipenses ouviram que ele estava doente. Este é o tipo de coração que Deus pretende criar com o câncer: o coração profundamente afetivo e preocupado com as pessoas. Não desperdice seu câncer voltando-se para si mesmo.

8. Você desperdiçará seu câncer caso se entristeça como quem não tem esperança.
Paulo usa esta expressão para designar pessoas cujos entes queridos haviam morrido: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4:13). Existe tristeza na morte. Mesmo para o crente que morre, há uma perda temporária — a perda do corpo, de entes queridos e do ministério terreno. Mas a tristeza é diferente — é permeada pela esperança: “desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor” (2 Coríntios 5:8). Não desperdice seu câncer ficando triste como quem não tem esta esperança.

9. Você desperdiçará seu câncer caso trate o pecado tão normalmente quanto antes.
Seus pecados freqüentes permanecem tão atrativos quanto antes de você ter câncer? Se a resposta for afirmativa, então você está desperdiçando seu câncer. O câncer foi planejado para destruir o apetite pelo pecado. Orgulho, ganância, luxúria, ódio, falta de perdão, impaciência, preguiça, procrastinação — todos estes são adversários que o câncer deve atacar. Não pense apenas em lutar contra o câncer. Pense também em usá-lo. Todas estas coisas são piores que o câncer. Não desperdice o poder do câncer para esmagar estes adversários. Deixe a presença da eternidade tornar os pecados temporais tão fúteis como eles realmente são. “Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo?” (Lucas 9:25).

10. Você desperdiçará seu câncer caso falhe em utilizá-lo como meio de testemunhar a verdade e a glória de Cristo.
Os cristãos nunca se encontram em determinado lugar por acidente. Existem razões para as quais somos levados onde estamos. Considere o que Jesus diz sobre circunstâncias inesperadas e dolorosas: “Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho” (Lucas 21:12-13). Assim também é com o câncer. Essa será uma oportunidade para testemunhar. Cristo é infinitamente digno. Aqui está uma oportunidade de ouro para mostrar que Jesus vale mais que a vida. Não a desperdice.

Lembre-se de que você não foi deixado sozinho; terá a ajuda necessária: “Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus” (Filipenses 4:19).

Pastor John

Tradução: Josaías JúniorRevisão: Rogério Portella