terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O que fazer quando ficar deprimido?

O que fazer quando ficar deprimido?
© Jay E. Adams

Talvez você nem queira ler este folheto. Quando se está deprimido, com certeza, não se tem disposição para isso.

— De que adianta tentar mais alguma coisa?, pode-se perguntar. — No fim das contas, nada adiantou.

Mas, antes de botá-lo de lado, deixe que eu diga claramente coisa que espero se grude em você, mesmo que você o ponha de lado por um tempo; acho que isso vai lhe fazer querer pegá-lo de novo para terminar de ler o que tenho a dizer. É o seguinte: o seu caso tem esperança; a sua depressão pode ser derrotada, não somente agora, mas para sempre. Quero lhe ensinar neste panfleto como sair da depressão e não cair mais nela. Se conseguir ler até o fim desse parágrafo vai ficar sabendo que centenas de outras pessoas, deprimidas do mesmo jeito que você, descobriram que isso é possível. Se conseguir ler o folheto até o fim vai ver que não vai ler nada complicado, que não leva muito tempo para chegar lá e que nunca deixa de funcionar. A razão por que afirmo essas coisas com tanta ênfase é que o jeito de derrotar a depressão que lhe descreverei não é meu, nem de nenhum outro homem, mas é o jeito Deus.

É por isso que há esperança. Há esperança porque você pelo menos já chegou à conclusão de que nenhum outro jeito funciona. Com o que concordo. Até este momento você não fez a coisa do jeito de Deus; você não acha que já está na hora de levar em conta o que Ele tem a dizer?

— Qual é a isca? Pergunta você.

Se para você isca significa as condições para achar um jeito de sair de depressão, eu lhe direi que são três:

1. Você tem que conhecer Deus pessoalmente antes de esperar que Ele lhe ajude.

2. O seu objetivo principal não pode ser jamais o alívio da depressão, mas o desejo de agradar 
a Deus fazendo aquilo que Ele diz.

3. Você tem que fazer exatamente o que Ele diz, sem importar como você se sinta.

São essas as condições. Se você achava que isca significava que há outros fatores, só revelados mais tarde, que amenizarão as minhas afirmativas iniciais eu lhe asseguro, então, que não existem. A depressão pode ser derrotada pelas orientações de Deus e pelo poder que Ele concede pelo Seu Espírito para capacitar àqueles que O conhecem a seguirem à Sua Palavra.

Aí você responde, com reserva e cautela:

— Tudo bem. Fale-me sobre isso. Eu estou interessado, mas não vou atiçar a minha esperança tão cedo. Vou ouvir tudo o que você tem para dizer, mas não quero que as minhas esperanças comecem a se elevar somente para depois despencarem estilhaçadas ao meu redor em uma ou duas semanas. Isso dói demais. Elas já se levantaram antes somente para se destroçarem sempre e sempre. Então vamos começar com uma dessas iscas ou, como prefere chamá-las, condições: que é que você pretende ao ficar aí dizendo que eu tenho que conhecer Deus? Não entendo isso muito bem.

Acho bom que tenha feito essa pergunta logo no começo porque ela é básica. Todo o resto depende dela. Você nunca pode usar Deus como se Ele fosse uma máquina para produzir aquilo que você quer, nem pode fazer o que a Bíblia manda como se fosse uma técnica ou um truque para atingir seus objetivos. Embora Deus, nas Escrituras, invoque princípios e métodos que, de fato, transformam vidas, esses princípios, quando acionados por você, não entram mecanicamente em funcionamento sem a bênção de Deus. Para que isso ocorra você tem que não estar brigado com Deus.

— Acho que ainda não entendo.

Certo, então deixe que eu explico. Eu e você, como todo ser humano nascido no mundo, à exceção única de Jesus Cristo, nascemos pecadores. Nossos pais eram pecadores e só podiam gerar pecadores. Os seus filhos, à sua semelhança, também nascem pecadores. A Bíblia ensina que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Quando Deus diz “todos”, isso é exatamente o que Ele quer dizer. A demonstração disso você vê em tudo aquilo que lhe cerca; você nunca encontrou ninguém perfeito. Mas é exatamente aí que está o problema, Deus é Deus Santo. Ele habita na perfeita justiça, mas, por sermos pecadores, não estamos qualificados para habitar com Ele e tornamo-nos Seus inimigos por não obedecermos aos Seus mandamentos. Ele disse: “Não dirás falso testemunho”, mas nós mentimos; “Não furtarás”, mas não há entre nós quem não tenha roubado, a começar pelos biscoitinhos da lata de biscoitos quando éramos somente crianças. Desobedecer significa também que nos colocamos em perigo, porque Deus não apenas é Deus Santo, mas é também o Justo Juiz das Suas criaturas. Ele decretou que devemos pagar pelos nossos pecados; mas é também misericordioso e providenciou o perdão dos pecados em Cristo. Quem não teve os pecados perdoados por Deus, não participará da glória eterna que Deus partilhará com os que chegaram a conhecê-lO. É disso que eu falo.

— Mas, como se chega a conhecê-lO.

Pela fé em Seu Filho Jesus Cristo. É isso o que eu quero dizer. Por não podemos, por nós mesmos, nos livrar dos nossos pecados Deus, em Sua misericórdia, providenciou o perdão enviando o Seu Filho para morrer em lugar de pecadores culpados, recebendo em lugar deles o castigo que mereciam por seus pecados. Quando reconhecem a situação do perigo que correm diante de Deus, se arrependem verdadeiramente da vida de rebelião quem vêm levando e dependem somente da morte de Jesus na cruz, Deus os livra (salva-os) do castigo eterno. Deus não os considera mais culpados por seus pecados e os aceita como amigos. De agora em diante Ele não será apenas o Juiz deles, mas também o seu amoroso Pai Celestial. Àqueles que vêm a conhecer a Deus assim, Deus cumpre e guarda as promessas que revelou na Bíblia. Promessas que só pertencem a eles e a mais ninguém.

Você pode descobrir mais sobre isso através da leitura das seguintes passagens da Bíblia: Efésios 2.8, 9; João 3.16; Romanos 4.4, 5. Se você ainda não consegue compreender isso, consulte a pessoa que lhe entregou este folheto ou entre em contato com a instituição responsável pela veiculação deste artigo.

Mas vamos considerar que você tenha posto a sua fé em Cristo e já conhece a Deus como o Seu Salvador e Senhor e, apesar disso, continua atormentado pela depressão. Lembre-se de que eu disse que conhecê-lO era uma das condições para derrotar a depressão; eu não disse que bastava conhecê-lO para resolver o problema. Prossigamos, então, na análise da matéria.

Embora a depressão seja um problema terrivelmente esgotante e muito difundido tanto entre os crentes quanto entre os que não conhecem a Deus, não é um problema difícil de resolver o tanto quanto aparenta à primeira vista. O que você precisa reconhecer é que a depressão resulta de um defeito no autocontrole e na autodisciplina. Uma das atividades do Espírito Santo de Deus é produzir essa disciplina naqueles que, pela obediência fiel à Sua Palavra, buscam agradar a Deus fazendo aquilo que Ele diz e não o que acham que deveriam fazer (cf. Gálatas 5.23). Esse é o cerne da questão.

— Bem, a coisa ainda está um tanto obscura para mim. Se você quer que eu entre nessa, vai ter que detalhá-la com muito mais clareza.

Claro, eu só estava falando de modo genérico; antes de descer a pontos específicos queria que você soubesse dos fatos básicos, na medida em que prosseguimos. Vamos, então, tocar no ponto crucial da coisa, mostrando que donas de casa, sacerdotes e todos quantos devem definir e cumprir os seus próprios horários são especialmente vulneráveis à depressão. Raramente sofrem de depressão aqueles cujo trabalho diário seja rotineiro e cujos resultados foram planejados para que até ao meio-dia devam ter produzido uma quantidade X de trabalho e até às 17h um outro tanto de X. Isso é porque o trabalho deles não depende de AUTOcontrole e de AUTOdisciplina. Os outros é que os disciplinam e controlam a sua produção. Por isso raramente deixam de conta do trabalho.

Por outro lado, para quem precisa aprender a controlar e a disciplinar a si mesmo, numa época em que quase não se enfatiza a disciplina, muitas vezes tudo o que falta para se começar a cair em desespero e depressão é passar por um revés que o seduza a desviar o foco para o próprio revés levando-o a se esquecer das suas obrigações. Isso quebra a programação, faz com que deixe de cumprir as sua tarefas — que vão se amontoando — e aí, nesse ponto, já terá descido direto pela ladeira que leva à depressão. Misture numa mesma panela o revés (doença, decepção, a culpa de um pecado inconfesso, etc.), a incapacidade de lidar com o revés do jeito de Deus, a tendência de ir atrás dos sentimentos em vez de correr atrás do prejuízo, e a disposição para se lamuriar em grupo (ou choramingar funks tristes) e terá todos os ingredientes essenciais para preparar o pirão grosso de sabor podre da depressão.

Deus nos construiu de um jeito que quando deixamos de cumprir corretamente as nossas responsabilidades as nossas consciências disparam maus sentimentos. Se essas coisas não forem bloqueadas logo no seu começo ela nos levarão, ao fim e ao cabo, à depressão. Davi via a depressão como um sinal gracioso de Deus cuja intenção era conduzi-lo ao arrependimento e à mudança de atitude ou comportamento (depois de haver pecado ele disse: “a tua mão pesava dia e noite sobre mim” – Salmos 32.4). A culpa subjacente à depressão decorre da incapacidade de lidar com o problema ou o revés do jeito de Deus; portanto, deixar de atender a esse aviso ou qualquer tentativa de silenciá-lo por tratamentos de choque, uso de antidepressivos, bebidas alcoólicas, etc., é só mais um fracasso que vem somar-se à culpa e aumentar a intensidade dos maus sentimentos que brotam dela. O resultado é que a depressão cresce ciclicamente cada vez mais.

Um bom lugar para começarmos a considerar a solução de Deus para o fracasso fundamental que está por trás da depressão é levar a sério as palavras do apóstolo Paulo em II Coríntios 4.8: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados”. Houve muitas vezes em que Paulo achou difícil enfrentar oposição e dificuldades; também houve circunstâncias em que não sabia que atitude tomar. Ele foi afligido e ficou perplexo, mas não deprimido. Nessas horas de provação, Deus o capacitou totalmente para lidar com cada uma dessas dificuldades sem cair em desespero. Paulo passou por revezes, mas não deixou que o impedissem de continuar no curso objetivo de uma ação que iria acontecer; não se desesperou nem desistiu dos trabalhos que sabia que Deus queria que fizesse; sentia-se para baixo, mas não esgotado. A pessoa deprimida é aquela que ao sentir- se para baixo, também estanca.

Agora, é vital que se compreenda a importante diferença que há entre ficar perplexo, desapontado, triste, fisicamente fraco, ou até mesmo sentir-se para baixo por causa da culpa, e ficar deprimido. Todos nós, à semelhança de Paulo, nos sentimos para baixo e todos nos entristecemos, às vezes; todos ficamos desencorajados, mas isso não é depressão. A depressão nos pega quando não conseguimos lidar com as tristezas, os desapontamentos, a perplexidade, a culpa ou a aflição física do jeito de Deus. Ela ocorre sempre que deixamos que os maus sentimentos ligados a esses problemas nos impeçam de cumprir os nossos deveres. Quando vamos atrás dos nossos sentimentos e deixamos de cumprir as nossas obrigações para com e Deus e para com os nossos semelhantes tornamo-nos culpados e isso faz a gente se sentir muito pior. Quando os sentimentos de culpa se somam aos maus sentimentos que já nos assolam isso faz a gente se sentir muito pior e por isso menos prováveis de realizarmos nosso trabalho. Se seguirmos os sentimentos crescentes de descontentamento — o que sempre é mais fácil de fazer — vamos desencadear mais desses sentimentos, ad infinitum. Vê agora o que eu pretendia quando disse que a depressão é cíclica?

— Sim, é realmente assim; ela só vai piorando cada vez mais.

Certo. Enquanto você continua a ir atrás dos seus sentimentos que lhe dizem que você “não consegue” fazer aquilo que você sabe que devia estar fazendo e não faz, ocorre que você se enfia cada vez mais no buraco da depressão, fazendo cada vez menos até que finalmente não faz mais nada senão ficar jogado no sofá, empanturrando-se de doces e assistindo TV. Isso lhe parece familiar?

— Demais. Mas o que se pode fazer? Descrever o problema é uma coisa, resolvê-lo é outra.

Concordo, mas é importante ver com clareza como funciona essa dinâmica para que se adote a solução acertada. Tenho observado que a depressão surge do fato de se tratar erradamente uma situação em que você se sente mal. Os maus sentimentos podem se originar do seu próprio pecado ou pelo fato de, depois de ficar prostrado com uma gripe por quatro dias, ter que voltar para o trabalho acumulado na sua ausência e que você acha que não vai dar conta por ser bem maior do que o normal e por você estar mais fraco do que sempre. Pode ser que tenha deixado de passar a roupa (— Olha só que monte de roupas!) ou de corrigir as provas empilhadas na mesa (— Nunca vou conseguir corrigir aquelas provas se não estiver mais disposto!). Sejam quais forem os aspectos específicos do problema, uma coisa predomina: em vez de fazer aquilo que sabe que tem de fazer, quando passa o controle aos sentimentos na esperança de que mais tarde tenha mais vontade de cumprir a obrigação temida, você já deu alguns passos largos no caminho infeliz da depressão; então, a chave para se proteger da depressão é a seguinte: não vá atrás dos seus sentimentos quando sabe que tem uma responsabilidade a cumprir. Em vez disso faça o que deve mesmo contra os sentimentos e quando o fizer, mesmo que no início seja mecanicamente, faça-o simplesmente porque quer agradar a Deus e porque sabe que Ele quer que você o faça, o seu sentimento muda com o tempo. Deus lhe dará a sensação de satisfação e realização e grande entusiasmo por aquilo que antes temia. Você não deve esperar pela vontade de fazer a coisa, pode ser que nunca venha a tê-la; nem deve tentar mudar os seus sentimentos diretamente, você não pode fazer isso. Faça aquilo que você sabe que Deus quer que você faça, TENDO OU NÃO VONTADE PARA ISSO, e com o tempo vai ocorrer, como efeito colateral, uma mudança de sentimentos. Esse é o segredo para fazer descer pelo ralo a maré da depressão quando ela começar a lhe afogar. Não há outro jeito.

— Você está dizendo que se eu fizer o que sei que Deus quer que eu faça, simplesmente para O agradar, quer eu tenha ou não vontade, então Ele vai abençoar isso e fortalecer-me e finalmente até mesmo modificar também os meus sentimentos?

É isso aí! Falando em termos simples, faça o seguinte: 1. Faça uma lista completa de todas aquelas coisas que você sabe que está negligenciando só porque não tem vontade de fazê-las; 2. Comece a fazê-las para agradar a Deus e àqueles que dependem de você (seu cônjuge, sua família, seu chefe, seu parceiro de pensão, etc.). 3. Continue a fazê-las a despeito de como se sentir e quando começar a ver a tarefa realizada vai passar a sentir uma mudança nos seus sentimentos. A maré foi virada. Dona de casa: vá em frente, limpe a casa, comece a preparar de novo as refeições, levante-se cedo para ver seu marido sair para trabalhar. Vendedor: saia do escritório, tire a lista de clientes da gaveta, pegue o telefone e comece a agendar suas reuniões de contato. Daí, caia na estrada e vá atrás deles até que estejam todos na sua carteira de clientes. O que tiver de ser feito, seja lá o que for e você sabe o que é, parta para ação — não espere até ter mais vontade para o fazer. Não o largue até à hora mais conveniente, o que tiver para fazer agora, faça. Não deixe mais uma hora passar.

Assim, depois de ter empurrado para lá a depressão, pense no futuro. Você pode continuar livre da depressão no futuro exatamente do mesmo jeito que você saiu dela depois de ter resvalado no seu poço: faça aquilo que Deus quer que seja feito mesmo nos períodos desanimados da sua vida, QUER VOCÊ ESTEJA A FIM OU NÃO; e assegure-se de organizar a sua vida no futuro e de cumprir o planejado a despeito de como se sentir. Busque a ajuda de algum pastor ou profissional, se não souber como fazer um planejamento. Esse conselheiro também deve ter condições de monitorar por um tempo o modo como você está cumprindo o planejado até que se acostume a viver de acordo com ele. É um modo dessa pessoa lhe estimular “ao amor e às boas obras” (Hebreus 10.24). O próprio Deus planeja e organiza-se; você, que foi criado à Sua imagem e semelhança, não pode abrir mão da organização que o planejamento dá. Se você organizar bem a sua vida não terá tempo para lamúrias em grupo, nem tempo para se pendurar a manhã toda no telefone com um velho amigo queixando-se durante o cafezinho do quanto as coisas estão ruins, quando deveria estar fazendo o serviço de casa. O cafezinho deve vir depois das tarefas domésticas, não em lugar delas.

Bem, é isso. Agora você sabe o que fazer para sair de depressão e o que fazer para se manter fora dela. Deixe-me resumi-lo de novo com palavras um pouco diferentes:

1. Confesse o pecado de deixar de assumir as suas responsabilidades e outros pecados quaisquer que tenha deixado de confessar;

2. Comece a fazer aquilo que Deus quer que você faça para O agradar, a despeito de estar ou não a fim de fazê-lo;

3. Trate biblicamente de qualquer pecado específico que tenha originalmente desencadeado o mau sentimento (que pode, contudo, não ter se originado no pecado);

4. Fuja dos festivais de lamúrias, de funks deprimentes e grupos de murmuração. Organize seu trabalho e siga a sua agenda, não os seus sentimentos.

Copyright 1975 by Jay F. Adams - Fonte: http://www.peacemakers.net/unity/adepressed.htm Tradução: Marcos Vasconcelos — junho/2005 — marcos.tradutor@gmail.com


Paulo César Baruk - Dependo de Ti

Confissão Verdadeira - C. H. Spurgeon - Devocional 01

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Libertos do Mundo - C. H. Spurgeon - Devocional 02

A marca do Amor- Por Paulo Junior


“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13:35)

Querido leitor, nessa manhã fui levado pelo Espírito a escrever-lhe sobre o tema fundamental do Cristianismo: o Amor.

Jesus predisse que um dos mais terríveis sinais do fim do mundo seria o aumento da inafetividade, o esfriar do amor: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. (Mt 24:12). O ódio, a indiferença e a frieza de coração iriam tomar o lugar do amor que, pouco a pouco iria minguar. Essa, com certeza, têm sido a maior marca desse século.

O pecado de fato aumentou: atos de maldade contra os nossos semelhantes são feitos diariamente, em detrimento ao respeito, lealdade, cordialidade e generosidade. As pessoas de hoje não se amam, nem demonstram amor umas pelas outras, elas são impacientes e intolerantes com o seu semelhante; a marca do homem moderno é o egoísmo.

Os homens têm se tornado tão individualistas, tão centrados em si mesmos, que tudo o que eles fazem é pensando em serem beneficiados, em proteger somente a si mesmos, em defenderem “o seu” e, como pensam: “o resto que se exploda”. Dentro do próprio lar, as esposas não estão amando os maridos, os pais não estão amando os filhos e os irmãos se odeiam! Os lares atuais têm sido lugares frios, divididos, sem afeto, carinho e amor.

Por incrível que pareça, a igreja tem manifestado a mesma coisa. Muitos cristãos estão vivendo esse minguar do amor, crentes sem amor pelas pessoas, pelas almas perdidas, sem amor pelos seus inimigos, o povo de Deus também tem se tornado frio e indiferente às dores e infortúnios do próximo e até da sua própria família!

Entretanto, o mais grave é que os cristãos não estão amando também outros cristãos, irmãos na fé, aqueles que Jesus comprou com Seu sangue e os uniu ao Seu corpo que é a Igreja. Isso realmente é um fato alarmante!

Os cristãos não podem se “dar ao luxo” de permitir que tal ocorra em suas vidas. No texto acima, Jesus disse como seríamos conhecidos como cristãos nessa Terra, como seríamos de fato reconhecidos como Seus verdadeiros discípulos: não seria pelos nossos dons miraculosos, nem nossa capacidade de construir obras colossais para o Reino de Deus; Jesus disse que não seria pela nossa eloquência, pelo nosso poder expositivo ao pregar sobre um púlpito, nem nossa lógica teológica e acadêmica; Ele não disse que seríamos reconhecidos como cristãos se distribuíssemos toda a nossa fortuna para sustento dos pobres, ou se até mesmo entregássemos o nosso corpo para ser queimado (1Co 13:3), mas se amássemos uns aos outros!

A maior marca é o amor; amor que esse mundo tanto precisa. A disposição de fazer o bem ao próximo sem nada receber em troca, apenas pelo prazer de ver que aquela alma desventurada recebeu alívio. Jesus ainda diz mais, quando falou: “uns aos outros”. Nesse ponto, Ele está se referindo aos da família da fé. “Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo” (1 Jo2:10).

Como pode uma pessoa se dizer cristão e odiar tanto seus irmãos? Críticas pesadas de uns para com os outros, inveja, palavras ferinas proferidas contra outros cristãos, impaciência, grosseria. Santo Deus dos céus, quanta intriga entre o povo de Deus, divisões, dissenções, calúnias! Os crentes contemporâneos realizam verdadeiras batalhas campais uns contra os outros.

Poderia esse tipo de indivíduo se dizer cristão? “Aquele que não ama não conhece a Deus.” (1João 4:8). Essas coisas não deveriam fazer parte da relação entre cristãos saudáveis e maduros, contudo isso tem acontecido em demasia.

Meu querido irmão em Cristo, estou te desafiando a amar, a batalhar por esse amor. Se você não possui tal amor, eu o convido a ir até a fonte (Deus): “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele” (1Jo 4:16).

Busque a Deus, caminhe com Ele, peça incessantemente o Seu amor, implore para que Ele te conceda amor pelo próximo e amor pelos irmãos. Sejamos pacientes com os mais fracos, compreensivos, afáveis, doces, meu Deus! Deixemos um pouco de pensarmos somente em nós mesmos.

E mais: não façamos isso com um coração hipócrita, externando apenas uma atitude “farisaica” que objetiva os aplausos humanos, mas com um sentimento sincero e sólido de alegria ou tristeza pela condição dos nossos irmãos! Só assim seremos verdadeiramente Seus discípulos, só assim o mundo reconhecerá que somos Dele e que por Ele fomos enviados. Assim muitos virão à fé quando olharem para nós e testificarem que nossas palavras são acompanhadas com o amor de Deus.

No amor de Cristo,


Paulo Junior – Ministério Defesa do Evangelho