sábado, 31 de outubro de 2015

O que é o Dia da Reforma Protestante?

O que é o Dia da Reforma? Para responder a essa pergunta, façamos outra pergunta: Quando é o Dia da Reforma? É o dia 31 de outubro. Nele, comemoramos os eventos de 31 de outubro de 1517. Naquele dia, Martinho Lutero, um monge agostiniano, pregou suas 95 teses à porta da igreja em Wittemberg, Alemanha. Ora, por que Lutero faria isso? Para responder a essa pergunta, precisamos apresentar alguns outros personagens.

Um desses personagens foi Alberto de Brandeburgo. Alberto não tinha idade para ser um bispo e, ainda assim, em 1517, já era bispo sobre duas cidades, o que era contra a lei da igreja. Além disso, ele queria ser arcebispo de Mainz. Possuir três cargos também era contra a lei da igreja, o que significava que Alberto precisava de uma dispensa papal.

Assim, o Papa Leão X entra na nossa história. Leão era da família Médici de Florença. Os Médici eram um clã proeminente de bancários e patronos das artes. Foi Leão que trouxe Michelangelo para pintar o teto da Capela Sistina no Vaticano. Alberto se reuniu com Leão para conseguir uma dispensa, e como bons homens de negócios, eles fecharam um acordo. Por dez mil ducados, Alberto poderia ter seus três bispados. Mas Alberto tinha um problema: seu dinheiro estava aplicado, em grande parte, em bens imobiliários, não em espécie; assim, eles precisavam levantar o dinheiro.

Assim, outro personagem entra: João Tetzel, o frade empreendedor. Ele vendia indulgências em nome de Alberto, e parte do dinheiro ia para ajudar Alberto a pagar o custo de se tornar arcebispo de Mainz. Tais indulgências eram fornecidas pelo papa, e não só cuidavam que pecados passados fossem perdoados, mas também os pecados futuros. Elas também permitiam que o comprador tirasse parentes do purgatório. Assim, Tetzel começou a vender essas indulgências usando um jingle: “Assim que a moeda na caixa cai, a alma do purgatório sai”.

A forma como isso se desenvolvia perturbou muito Lutero. Ele viu como essas coisas eram contrárias à doutrina da igreja na época, e observou algumas pessoas que estavam sob seu cuidado indo comprar as indulgências de Tetzel. Então, ele fez o que um estudioso podia fazer. Ele entrou em seu escritório e escreveu suas 95 teses para convocar um debate público. Ele publicou as teses em 31 de outubro.

Logo na primeira tese, ele diz o seguinte: “Quando nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo, disse: ‘Arrependei-vos’, Ele pretendia dizer que toda a vida do crente deve ser caracterizada por arrependimento”. É fascinante que Lutero faça referência ao chamado de Jesus às pessoas a arrependerem-se em Mateus 4.17. Há algo mais que entrou no jogo aqui, outra coisa que explica o Dia da Reforma.

Em 1516, o Novo Testamento Grego foi publicado pelo estudioso humanista Desidério Erasmo, e quando Lutero leu o Novo Testamento Grego, ele percebeu que a Vulgata Latina — por séculos, o texto oficial da igreja — estava errada. A Vulgada havia traduzido a palavra grega em questão (representada em nossa língua por “arrependei-vos”) como “fazei penitência”. Tal tradução serviu por séculos para apoiar o sistema sacramental católico romano.

O verdadeiro personagem principal do Dia da Reforma não é Lutero. É a Palavra de Deus. O que Lutero descobriu como monge foi que, por séculos, os verdadeiros ensinos da Palavra de Deus haviam sido escondidos por século após século de tradição. É disso que se trata o Dia da Reforma: abrir as cortinas e liberar o poder da Palavra de Deus e a beleza da verdade do evangelho. É por isso que celebramos o Dia da Reforma.

Por: Stephen Nichols. © 2015 5minutesinchurchhistory.com. Original: What Is Reformation Day?. Tradução: Alan Cristie. Revisão: Vinicius Musselman Pimentel. © 2014 Ministério Fiel.

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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Perfeitos em Cristo
 04 de Abril - Meditações Matinais


“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Corímios 5.21)

Cristão lamuriento! Por que está chorando? Está se lamentando de sua própria corrupção? Olhe para seu perfeito Senhor e lembre-se: você está completamente nEle; você é, aos olhos de Deus, tão perfeito como se nunca tivesse pecado; não, mais do que isto, o Senhor Justiça Nossa colocou uma veste divina em você, de modo que você tem mais do que a justiça do homem - tem a justiça de Deus. Você que está se lamentando em razão do pecado congênito e da depravação, lembre-se: nenhum de seus pecados pode condená-lo. Você aprendeu a odiar o pecado; mas também aprendeu a saber que o pecado não é seu - ele foi lançado sobre a cabeça de Cristo. Sua posição não está em você - está em Cristo; sua aceitação não está em você, mas em seu Senhor; você é perfeitamente aceito por Deus hoje, com toda a sua pecaminosidade, como será quando estiver diante de seu trono, livre de toda corrupção. Oh! suplico-lhe, apegue-se a esta idéia preciosa: perfeição em Cristo! Pois você é “completo nEle”. Com a veste do seu Salvador, você é santo como Aquele que é Santo. “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Romanos 8.34). Cristão, regozije-se em seu coração, pois você é “aceito no Amado” - o que você tem a temer? Permita que seu rosto sempre estampe um sorriso; viva perto de seu Mestre; viva nos subúrbios da Cidade celestial; pois logo, quando seu tempo chegar, você subirá aonde seu Jesus está sentado e reinará à sua mão direita; e tudo isto porque o Senhor divino “o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”.

Por Charles Haddon Spurgeon

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O Evangelho aos Muçulmanos: Um embate de cosmovisões


Às vezes minha família tenta me surpreender. Mas, geralmente, sou capaz de estragar as surpresas antes dos presentes serem dados… ou posso fingir que não me importo quando não adivinho de antemão.

É um mau hábito, realmente. Eu não o recomendaria. Frustra a minha esposa quando chega o momento de dar o presente. Minha filha mais nova tem assumido um pouco dessa tendência. Temo que ela perca muito da maravilha que há na vida porque seu pai é uma pessoa mal-humorada.

Às vezes, no entanto, sou surpreendido pelo inesperado – como aconteceu em dois debates recentes com apologistas muçulmanos. Em ambas as ocasiões, um inquiridor levantou uma pergunta sobre a criação do homem e a existência do pecado. E, em ambas as ocasiões, fiquei boquiaberto com a resposta que meus oponentes muçulmanos deram à pergunta.

No primeiro debate, o apologista muçulmano afirmou que os cristãos não entendem o relato de Gênesis sobre a criação de Adão e Eva. Ele insistiu em que Adão – e, por consequência, nenhum profeta de Deus – jamais pecou. “Eles cometeram alguns erros”, ele admitiu, “mas os profetas são livres de pecado”.

Até mesmo metade do auditório, predominantemente muçulmano, inclinou as costas em admiração.

No segundo debate, o jovem muçulmano se embaraçava enquanto explicava que Deus não exige perfeição de nós porque nos fez com um defeito sério. De novo, um silêncio meditativo tomou conta do auditório enquanto ponderavam nas implicações desta afirmação. Pedi esclarecimento: “Você está dizendo que Deus nos fez pecadores?”

De novo, o embaraço. “Estou dizendo”, ele replicou, “que é injusto da parte de Deus fazer-nos desta maneira e esperar perfeição de nós. Portanto, Deus não espera perfeição de pessoas que ele fez desta maneira”.

Repousando Levemente na Consciência Muçulmana

A reposta dos dois palestrantes muçulmanos revela diferenças significativas entre muçulmanos e cristãos em seu ponto de vista sobre a humanidade. Embora muçulmanos e cristãos concordem que o homem é um ser criado, que deve adoração e obediência a Deus, eles diferem, de várias maneiras, em seu ponto de vista sobre o homem e o pecado. A fim de comunicar o evangelho e a necessidade de aceitar o Salvador, os cristãos precisam entender essas diferenças.

Aqui estão quatro perguntas sobre a humanidade que um cristão e um muçulmano responderiam de maneira diferente.

As pessoas são criadas à imagem e semelhança de Deus?
Os cristãos creem que Deus criou a humanidade à sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26-27). Consequentemente, a humanidade reflete algo da glória de Deus de modo singular. A humanidade – tanto homens quanto mulheres – forma o clímax da criação de Deus, e é dotada de capacidades que a separa do resto da criação. Ser feito à imagem de Deus investe o homem de imensurável dignidade, provendo a base para a ética social que inclui desde o nosso falar uns com os outros (Tg 3.10-11) até a proibição de assassinato e o uso de sentenças de morte judiciais (Gn 9.5-6).

Os muçulmanos rejeitam a ideia de que o homem é criado à imagem e semelhança de Deus. O islamismo ensina que Alá é totalmente distinto de sua criação. Nada na criação compartilha a glória ou a semelhança de Alá. E, contrastando a ideia de ser achado “bom” nesta criação, o Alcorão ensina que o homem foi feito com uma fraqueza (Sura 4:28).

Onde se origina o pecado?

Muçulmanos e cristãos também diferem quanto à origem e ao significado do pecado. A Bíblia ensina que Adão, representando toda a humanidade, cometeu o primeiro pecado quando transgrediu o mandamento de Deus sobre não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16-17; 3). Quando Adão cometeu aquele pecado, toda a humanidade caiu com ele. “Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). A Bíblia prossegue e diz que, por consequência, “veio o juízo sobre todos os homens para condenação” e “pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores” (Rm 5.18-19).

A desobediência de Adão produziu várias consequências trágicas. Primeiramente, o pecado introduziu a morte no mundo como a penalidade pela transgressão. Em segundo, o ato de Adão mergulhou consigo toda a humanidade no pecado e na condenação de Deus sobre todos os homens. Em terceiro, o pecado de Adão corrompeu profundamente a natureza da humanidade, de modo que o homem não somente peca, mas também é um pecador. De fato, o homem não é um pecador por causa de seus pecados; o homem peca porque, em seu âmago, é um pecador. O pecado não é apenas o que fazemos, é o que somos. E, por esta razão, a Bíblia ensina que o homem é escravo do pecado (Rm 6.6, 15-20; 7.25).

Mas o ponto de vista islâmico é bem diferente. O relato muçulmano da criação não inclui qualquer ênfase significativa quanto ao pecado de Adão ou quanto à queda da humanidade no pecado. Não é dito que Adão pecou contra Deus, e sim que ele cometeu um erro ético. Os muçulmanos consideram injusta a ideia de que o pecado de uma pessoa seja, de alguma maneira, atribuído a outra. O Alcorão ensina que “a responsabilidade de uma alma não pode ser transferida a outra” (Sura 6:164; 17:15; 35:18; 53:38).

Portanto, os muçulmanos negam o pecado original. A maioria deles define o pecado apenas como desobedecer à vontade de Alá. Essa desobediência vem da fraqueza e ignorância do homem, mas não de uma corrupção em sua natureza. Embora os eruditos muçulmanos discordem sobre como definir as categorias, os muçulmanos creem realmente em pecados maiores e menores.

O pecado ofende a Deus?

Outro aspecto em que cristãos e muçulmanos diferem é em seu entendimento sobre o objeto do pecado. Contra quem pecamos? Chawkat Moucarry resume proveitosamente o entendimento islâmico quando escreve: “O islamismo ensina que nossos pecados não podem ofender nosso Criador, que permanece muito acima de nós para ser diretamente inquietado por nossa desobediência”.[1] O Alcorão sustenta que o pecador “faz mal a si mesmo” (Sura 6:51).

A Bíblia, entretanto, ensina que nosso pecado é contra o próprio Deus. Em nosso pecado e natureza pecaminosa, demonstramos hostilidade a Deus, provando que somos inimigos alienados de Deus (Rm 5.10; Cl 1.21). Nosso pecado afronta pessoalmente a Deus. O rei Davi disse após seu adultério com Bate-Seba: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos” (Sl 51.4). Em vez de ser insensivelmente não incomodado pelo pecado, Deus se entristece por ele (Gn 6.5-6). E, em sua justiça, Deus promete que não deixará o pecado sem punição (Êx 34.7), nem mesmo pecados não intencionais (Lv 4).

Quão sério é o nosso pecado?

Em face do que já abordamos, não devemos nos surpreender pelo pecado ser significativamente menos sério no ponto de vista muçulmano do que no ponto de vista cristão. O pecado repousa levemente na consciência muçulmana porque os muçulmanos veem o pecado primariamente como fraqueza e não como iniquidade, como transgressão geral e não como traição ímpia, não admitindo como o pecado desonra a Deus exatamente porque ocorre em e por aqueles que Deus criou à sua imagem. O pecado é uma ofensa tão horrorosa contra Deus que a única coisa que pode mitigar sua ira santa para conosco é o sacrifício de seu único filho (Rm 3.25).

Isto significa que uma das tarefas primárias que os cristãos têm ao compartilhar o evangelho é demonstrar a seriedade do pecado para todas as pessoas.

Fomentando urgência quanto ao perigo do pecado

Uma coisa que temos de fazer ao compartilhar o evangelho com nossos amigos muçulmanos é chamá-los a reagir urgentemente ao perigo e à corrupção do pecado. Enquanto continuarem a crer que Alá não é afrontado pelo pecado, não terão a motivação para arrependerem-se e confessarem. Os muçulmanos precisam ver que a Bíblia define o pecado como rebelião contra Deus, o que incorre na ira de Deus.

John Piper expressa algo sobre a tremenda urgência associada ao nosso pecado, a ira de Deus contra o pecado e o perigo da condenação eterna. Este deve ser nosso sentimento quando compartilhamos as gloriosas boas-novas do evangelho com nossos amigos muçulmanos:

Eu devo sentir a verdade sobre o inferno – que ele existe, é terrível e horrível, além do que possamos imaginar, para sempre e sempre. “Irão estes para o castigo eterno” (Mt 25.46). Ainda que eu entendesse o “lago de fogo” (Ap 20.15) ou a “fornalha acessa” (Mt 13.42) como um símbolo, seria confrontado com o terrível pensamento de que símbolos não são afirmações exageradas, e sim afirmações brandas, da realidade. Jesus não escolheu estas figuras para nos dizer que o inferno é mais tranquilo do que o ardor do fogo. Devo sentir a verdade de que, se antes eu estava tão próximo do inferno quanto estou da cadeira na qual me sento – até mais próximo… suas visões eram as minhas visões. Eu era filho do inferno (Mt 23.15), um filho do Diabo (Jo 8.44) e filho da ira (Ef 2.3). Eu pertencia à raça de víboras (Mt 3.7), estava sem esperança e sem Deus (Ef 2.12). Devo crer que, assim como um alpinista que, havendo escorregado, está pendurado pelos dedos sobre um abismo mortal, também antes eu estava pendurado sobre o inferno e a apenas uma batida de coração do tormento eterno. Digo-o lentamente: tormento eterno! Devo sentir a verdade de que a ira de Deus permanecia sobre a minha cabeça (Jo 3.36). A face de Deus estava contra mim (Sl 34.16); ele me odiava em meus pecados (Sl 5.5). A maldição e a ira de Deus eram a minha porção (Gl 3.10). O inferno não foi imposto a Deus por Satanás. Era o plano e a designação de Deus para pessoas como eu (Mt 25.41). Devo sentir em meu coração que toda a justiça do universo estava do lado de Deus e contra mim. Eu era totalmente corrompido e culpado, e Deus foi perfeitamente justo em sua sentença (Sl 51.4; Rm 3.4).[2]

Você sente a verdade e os horrores do inferno quando pensa em compartilhar com os outros as boas-novas da salvação de Deus? Quão frequentemente você pensa na realidade de que antes era filho do inferno, destinado à ira de Deus? Até um versículo popular como João 3.16 – agora amplamente sentimentalizado pelas opiniões superficiais sobre o amor de Deus – fala de uma condenação já pronunciada, sob a qual todo o mundo está por causa do pecado.

O horror e a certeza do pecado devem nos afligir e motivar a compartilhar a verdade sobre o pecado e sua abominação com nossos amigos muçulmanos, os quais pensam brandamente sobre o pecado e suas consequências. Concordo com John Piper quando ele escreve: “Se eu não creio em meu coração nestas verdades terríveis – se não creio nelas de modo que sejam reais em meus sentimentos – então, o bendito amor de Deus em Cristo não brilhará de modo algum”.[3]

[1] Chawkat Moucarry, The Prophet and the Messiah: An Arab Christian’s Perspective on Islam and Christianity (Downers Grove, IL: InterVarsity, 2001), 99.
[2] John Piper, Brothers, We Are Not Professionals: (Nashville: Broadman and Holman, 2002), 114–15.
[3] Ibid., 115.

Por: Thabiti Anyabwile. © 2015 MINISTÉRIO. Original: O Evangelho Para Muçulmanos. Thabiti Anyabwile é pastor da First Baptist Church, em Grand Cayman, nas Ilhas Cayman. O Rev. Anyabwile é preletor em conferências e autor de vários livros.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O que cristãos devem pensar sobre o socialismo? John Piper responde



Um arsenal de promessas na luta pela santidade


Quando Paulo diz para mortificar os feitos do corpo “pelo Espírito” (Romanos 8.13), entendo que ele quis dizer que devemos usar a única arma da armadura do Espírito usada para matar. A saber, a espada, que é a Palavra de Deus (Efésios 6.17).

Portanto, quando o corpo está prestes a ser conduzido a uma ação pecaminosa por algum medo ou desejo, nós devemos pegar a espada do Espírito e matar esse medo e esse desejo. Na minha experiência, isso significa principalmente cortar a raiz da promessa do pecado pelo poder de uma promessa superior.

Assim, por exemplo, quando começo a desejar algum prazer sexual ilícito, o golpe de espada que tem frequentemente cortado a raiz desse prazer prometido é: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5.8). Eu recordo os prazeres que senti de ver a Deus mais claramente com uma consciência pura; e recordo a brevidade, superficialidade e o gosto opressor que fica depois dos prazeres do pecado, e, com isso, Deus mata o poder conquistador do pecado.

É lindo ser o instrumento do poder da Palavra de Deus para matar o pecado.

Ter promessas à mão que se adéquam à tentação do momento é uma chave para uma guerra bem sucedida contra o pecado. Mas há momentos nos quais não temos uma palavra vinda de Deus perfeitamente adequada em nossas mentes. E não há tempo para procurar na Bíblia por uma promessa feita sob medida.

Por esse motivo, todos nós precisamos ter um pequeno arsenal de promessas pronto para ser usado sempre que o medo ou o desejo ameaçar nos desviar.

Aqui estão algumas das minhas mais comprovadas armas:

1. “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Isaías 41.10).

Creio que tenho matado mais dragões em minha alma com essa espada do que com qualquer outra. É uma arma preciosa para mim.

2. “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8.32).

Quantas vezes não tenho sido persuadido na hora da provação por esse verso de que a recompensa pela desobediência nunca poderia ser melhor do que “todas as coisas”!

3. “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra… E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mateus 28.18,20)

Quantas vezes eu tenho fortalecido meu enfraquecido espírito com a garantia de que o Senhor do céu e da terra está comigo hoje tanto quanto estava com seus discípulos na Terra!

4. “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” (Salmo 50.15).

O que faz dessa arma tão convincente é que, quando o Senhor me ajuda, cria-se uma ocasião para que eu O glorifique. Combinação incrível. Eu recebo a ajuda, Ele recebe a glória!

5. “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” (Filipenses 4.19).

O contexto é financeiro e material. Mas o princípio é absoluto. Aquilo que realmente necessitamos (não o que queremos) será garantido. E do que realmente necessitamos? Necessitamos daquilo que devemos ter para fazer a vontade de Deus. Aquilo que precisamos ter para magnificar nosso Salvador. É isso que nos será dado conforme confiarmos nEle.

Esteja constantemente aumentando seu arsenal de promessas. Mas nunca perca de vista aquelas que Deus já usou para abençoar sua vida. Faça as duas coisas. Esteja sempre pronto com as antigas. E toda manhã procure por uma nova para levar consigo durante o dia.


Por: John Piper. © 2012 Desiring God. Original: Algumas armas comprovadas na luta pela santidade.

Tem Misericórdia de Mim - Sovereign Grace Music

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Espírito Está Pronto, Mas a agenda é Apertada

“Ore para que Deus marque compromissos divinos nesta semana. Peça-lhe que interrompa sua vida e o use para falar com alguém sobre Jesus.”

Este foi meu encorajamento final durante a mensagem de domingo em Romanos 10.

Claro que, após o culto, havia um jovem rapaz em nosso estacionamento à procura de alguém para ajudá-lo a colocar sua vida no rumo certo. E claro, eu tinha quatro crianças agitadas no carro e planos para a tarde.

Momentos como esses me tentam a mudar a minha oração de “Senhor, usa-me” para “Senhor, use-me quando eu tiver algum tempo livre”.

O ministério pastoral pode ser muitas coisas, porém, “conveniente” não é o melhor termo para descrevê-lo. O fato dessas interrupções serem compromissos divinos garante que provavelmente não se encaixarão ordenadamente em nossa agenda.

Assim, se o Espírito está pronto para marcar compromissos divinos, como deveríamos nos preparar para responder, mesmo quando a nossa agenda estiver lotada? Não há respostas mágicas, mas aqui estão alguns pontos para considerar em espírito de oração.

1.Ore por encontros divinos.

Deus está soberanamente operando seus propósitos na história. Ele coloca pessoas onde deseja que estejam (Atos 17:21) e incrivelmente prepara as circunstâncias para atrair pessoas para si mesmo (Atos 8:26-40). Como seus seguidores, devemos estar preparados, dispostos e desejosos a lhe apresentar pessoas (Isaías 6:8; Mateus 28:18-20; Atos 1:8; 2 Coríntios 5:20).

Ore para que Deus o use. Ore para que use sua igreja. Ore regularmente para que ele interrompa sua agenda e prepare as circunstâncias para que você tenha a oportunidade de falar aos outros sobre ele. Peça para ele abrir portas a fim de que a Palavra seja pregada (Atos 14:27; 1 Coríntios 16:9; Colossenses 4:2; Apocalipse 3:8) e para abrir seus olhos para ver os encontros que ele está planejando.

2.Ore por respostas divinas

Quando oramos, deveríamos esperar que Deus responderá. Servimos a um Deus que se deleita em encontrar e usar pessoas disponíveis (2 Crônicas 16:9). Isso significa que, quando acordamos todas as manhãs, deveríamos esperar grandemente que o Deus dos céus nos usará na terra naquele dia para a sua glória. Alguns dias esse processo será mais óbvio que outros, mas devemos sempre esperar que ele nos use.

Há muito tempo, minha esposa disse: “Cada breve encontro vem do Senhor”. Uma vez que não há algo como sorte ou acaso, devemos sempre nos lembrar que quando encontramos pessoas em nossa família, vizinhança, trabalho e caixa do supermercado (saia, por favor, do celular), isso acontece porque Deus planejou que acontecesse dessa forma.

Você está buscando uma porta aberta ao conversar com alguém? Está perguntando às pessoas sobre suas vidas? Está perguntado às pessoas como pode orar por elas? Está empurrando portas nos relacionamentos para ver se o Senhor abre uma?

Conheço um presbítero e sua esposa que preparam uma refeição grande praticamente todos os domingo para que possam convidar pessoas que encontram na igreja para almoçar. Tenho ouvido alguns testemunhos de pessoas que sentaram na frente deles na igreja e foram convidadas por eles para almoçar. Essa família do presbítero estava preparada para ser usada pelo Senhor.

Outra maneira prática para planejar respostas divinas é estocar recursos que você possa dar às pessoas que estejam interessadas em saber mais. Eu tenho cópias das Escrituras e um folheto evangelístico na minha mochila quando viajo, no meu carro, no meu escritório e na igreja. Também tenho um plano de leitura bíblica para entregar a quem se mostre interessado em ler a Bíblia.

3.Ore para saber quando deveria deixar de lado uma possível oportunidade evangelística

Nunca faltaram oportunidades para Jesus ministrar. Entretanto, Jesus não ministrava para toda pessoa que vinha até ele. Às vezes, ele dizia “não” para as oportunidades diante dele, porque tinha outros negócios do Pai para cuidar (Marcos 1:36-38).

Jesus tinha uma vantagem, sendo onisciente e tal, mas ele nos dá seu Espírito para nos guiar (João 16:33; Atos 8:29, 10:19, 13:2) e sabedoria conforme pedirmos (Mateus 7:7-11; Tiago 1:5).
Há tempos que não estamos disponíveis para compartilhar o evangelho porque temos outras coisas que o Senhor quer que façamos.

Por exemplo, não ficamos no domingo para compartilhar o evangelho com aquele rapaz no estacionamento depois da igreja. Não era o momento certo. Trocamos e-mails e eu o apresentei a alguns de nossos membros, mas, para mim, naquele dia, foi melhor manter o compromisso que tinha com minha família. Em outra ocasião, poderíamos convidá-lo para almoçar ou eu poderia falar para minha família ir antes para casa e eu ficaria para conversar com ele.

Ore para que o Senhor o ajude a caminhar em sabedoria e descansar no fato de que você não é o Salvador.

4.Ore para saber quando seus planos estão ficando no caminho dos planos de Deus

Há momentos em que as coisas boas que fazemos estão no caminho das grandes coisas que Deus quer que façamos. Em Lucas 9:57-62, Jesus encontra três pessoas que poderiam ser seus seguidores, mas, ao serem questionadas para segui-lo, deram o que parece ser boas desculpas. Garantir abrigo, enterrar um parente que morreu e dizer adeus à sua família me parecem razões melhores para adiar seguir a Jesus do que as desculpas que normalmente dou.

Essa passagem deve nos lembrar que não devemos “nos estribar no nosso próprio entendimento” (Provérbios 3:5-6) e deve nos ajudar a escolher a “melhor porção” (Lucas 10:38-42). Precisamos da graça para vermos coisas em nossas agendas que podem ser deixadas de lado para que tenhamos tempo livre. Devemos estar em espírito de oração para que Deus possa cultivar em nós um coração sensível como o do jovem Samuel (1 Sam 3:1-11), de maneira que, se sentirmos Deus nos chamando para fazer algo, possamos responder com fé expectante.

É nesse ponto que é essencial estar em uma comunidade amorosa, intencional e franca. Preciso de pessoas que me ajudem a pensar sobre minhas prioridades. Não estou isento de que meu conforto e meus planos pessoais interfiram e escureçam minha habilidade de ver o que Deus tem colocado na minha frente. Ajudemo-nos uns aos outros a estar atentos aos encontros divinos e a criar uma cultura em nossas igrejas na qual nos rendemos ao chamado do Senhor para fazer seu nome conhecido.

5.Descanse na graça de Deus se você perder uma oportunidade.

Todos nós perderemos compromissos divinos. Somos pecadores que, por muitas razões, estamos propensos a ter os ouvidos surdos, os corações, endurecidos e os sentidos, entorpecidos. Certos casos, nos quais pareço ter perdido uma oportunidade divinamente ordenada para direcionar alguém para Cristo, ainda me assombram. E, embora devamos sempre aprender e nos arrepender quando for o caso, precisamos descansar no fato de que a graça de Deus cobre todas as nossas falhas.

A boa notícia do evangelho é que Jesus morreu e ressuscitou por pecadores, incluindo os que perdem compromissos divinos. Assim, se você estiver muito atarefado para notar ou temeroso demais para falar, lance-se sobre a misericórdia incomparável do Senhor — e prepare-se para a próxima oportunidade que ele colocar diante de você.

O Espírito está pronto para nos usar, portanto aproxime-se do Senhor e peça que ele o faça. Nada melhor do que ter a mensagem da graça de Deus e a agenda cheia de compromissos divinos. Senhor, usa-nos!

Agradecimentos a Blake White(@ablakewhite) por seu twittar “O Espírito está pronto, mas a agenda está apertada”, que me fez pensar sobre este artigo e a Tim Challies (@challies) por este post sobre produtividade, na qual uma das seções era sobre estar pronto para compromissos divinos.

Quero também, fortemente recomendar o livro de Kevin DeYoung “Super Ocupado” e “What’s Best Next” de Matt Perman para você ler. Estes recursos maravilhosos o ajudarão a pensar melhor sobre como ter uma agenda cheia para a glória de Deus.


Por: Garrett Kell. © 2014 The Gospel Coalition. Original: The Spirit Is Willing But The Schedule Is Tight. Tradução: César Augusto. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. © 2014 Ministério Fiel.