Vincent Chung
Sempre agradecemos a Deus, o Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vocês, pois temos ouvido falar da fé
que vocês têm em Cristo Jesus e do amor que têm por todos os santos, por
causa da esperança que lhes está reservada nos céus, a respeito da qual vocês
ouviram por meio da palavra da verdade, o evangelho que chegou até vocês. Por
todo o mundo este evangelho vai frutificando e crescendo, como também ocorre
entre vocês, desde o dia em que o ouviram e entenderam a graça de Deus em
toda a sua verdade. Vocês o aprenderam de Epafras, nosso amado cooperador,
fiel ministro de Cristo para conosco, que também nos falou do amor que vocês
têm no Espírito. (Colossenses 1:3-8, NVI)
Assim
como Paulo tinha em mente uma fé que é específica– é “fé... em Cristo
Jesus” – ele tinha em mente um amor que também é específico – é o “amor que
têm por todos os santos”. Alguns comentaristas observam que nessa passagem fé
caracteriza nosso relacionamento “vertical” com Deus, enquanto amor caracteriza
nosso relacionamento “horizontal” com outras pessoas. Isso é verdade na
passagem em questão, mas seria um engano inferir a partir disso um amplo princípio
que force rigidamente a distinção. O motivo é que, entre outras coisas, o
amor deve caracterizar também nosso relacionamento vertical com Deus.
Embora
a fé seja algumas vezes associada com um sentimento de confiança, ela não
deve ser identificada com o sentimento em si. Antes, fé é crença nas proposições
divinamente reveladas e é em si mesma independente de sentimentos que podem
oscilar. Sentir-se bem sobre uma proposição bíblica é diferente de crer
nela. Da mesma forma, embora o amor seja algumas vezes acompanhado por certas
emoções, o amor em si não é uma emoção. A idéia que o amor é uma emoção,
ou está necessária e proporcionalmente associado com certas emoções, tem
causado danos desastrosos ao desenvolvimento intelectual e ético de inúmeros
crentes.
A
Bíblia fala de amor como a disposição de pensar e agir para com outras
pessoas (incluindo Deus) de acordo com os preceitos e leis divinas – isto é,
tratá-las como Deus nos manda tratá-las. Esse amor não tem nenhuma conexão
direta e necessária com alguma emoção, a qual, sem qualquer conotação
negativa inerente, definimos como um tipo de distúrbio mental. Esse distúrbio
pode ser positivo ou negativo, mas é um distúrbio.
Como
Paulo escreve em Romanos 13, “Todos [mandamentos] se resumem neste preceito:
‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. O amor não pratica o mal contra o próximo.
Portanto, o amor é o cumprimento da Lei” (v. 9-10). Note que o amor é o cumprimento
e não a substituição da lei. Não tratamos as pessoas com amor ao invés de
tratá-las de acordo com a lei. Antes, tratá-las com amor é tratá-las de
acordo com a lei, ou mandamentos de Deus.
Ele
diz que os mandamentos, tais como “Não adulterarás” e “Não matarás” são resumidos
no mandamento para amar. Um resumo não é diferente ou superior às coisas que
ele expressa. Na realidade, para entender verdadeiramente os detalhes
representados pelo resumo, devemos examinar as coisas que ele resume. Assim, o
mandamento para amar não é diferente ou superior aos outros mandamentos –
amor é definido por esses mandamentos em primeiro lugar.
A
Escritura define nosso amor para com Deus da mesma forma. Jesus diz aos seus
discípulos em João 14:23, “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra” –
não que ele sentirá de certa forma ou terá certa emoção. Se ele ama,
obedece. Então, ele diz: “O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros
como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos
seus amigos” (15-12-13). Não há nenhuma emoção aqui. O mandamento é amar,
e esse amor significa ação heróica e sacrificial em benefício de outros.
Muitas
pessoas que se sentem totalmente perturbadas por dentro diante do mais leve
sofrimento nos outros, nunca sacrificariam sequer o seu conforto pessoal para
resgatá-las, para não dizer salvar a vida. Mas elas têm sido ensinadas –
pela cultura, tradição, filosofias anti-cristãs, mas não pela Escritura –
que isso representa compaixão. Eles gemem e choram por eles – isso não é
amor? Embora possa permitir que se sintam muito compassivos e espirituais, isso
não tem nada a ver com amor.
Em
seus momentos mais sóbrios, teólogos e comentaristas admitem que o amor
bíblico tem a ver com pensar e agir de acordo com os mandamentos de Deus para
com outras pessoas, e que tal amor não tem nada a ver com um tipo particular
de distúrbio mental, ou emoção. A Escritura é clara sobre isso; não é
algo difícil de reconhecer. Como um comentarista escreve: “A Bíblia fala do
amor como uma ação e atitude, não apenas uma emoção... os cristãos não têm
desculpa por não amar, pois o amor cristão é uma decisão de agir no melhor
interesse dos outros”.
Definir
amor como uma emoção deixa alguém com uma desculpa, visto que nossos
sentimentos podem oscilar. Além do mais, tal definição gera culpa desnecessária
na pessoa que nem sempre sente o que pensa que deveria sentir para com as
pessoas. E se amor é uma emoção, então que emoção exatamente? Isto é, o
que se deve sentir? Mas de acordo com a Bíblia, se uma pessoa trata outras
pessoas consistentemente de acordo com os mandamentos de Deus, a despeito de
como se sente, então ela anda em amor. Por outro lado, a pessoa que não faz
nada mais que desmoronar num descontrole emocional a qualquer sinal de
sofrimento humano, não anda em amor. Ela é um aborrecimento sem amor, e
poderia muito bem parar de fingir.
Fonte:
http://www.vincentcheung.com/
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