Em 17 de
agosto de 2012, minha esposa sofreu um acidente de bicicleta quase fatal. Nos
primeiros dias, não sabíamos se ela sobreviveria, e, nas semanas subsequentes,
não sabíamos quais seriam suas futuras capacidades mentais. Felizmente, o
Senhor a restaurou quase completamente ao que ela era antes do acidente.
Esse
acidente personalizou para mim um medo real que todos nós experimentamos, a
saber, o medo de perder nosso cônjuge ou nossos filhos para a morte. Como
viveremos sem eles? Os pais cristãos, em particular, temem que seus filhos
nunca cheguem à fé. Eles mal podem suportar a ideia de seus filhos sofrerem no
inferno para sempre.
Que
antídotos temos contra o medo da perda? Gostaria de sugerir três:
Mergulhe no amor de Deus
Devemos
começar por lembrar do evangelho. Nós merecemos a ira de Deus, porque adoramos
a nós mesmos em vez de nosso criador e nos recusamos a dar-lhe graças e glória
(Rm 1.18-25). Somos “por natureza, filhos da ira” e, em Adão, entregamo-nos aos
desejos da carne, aos prazeres deste mundo e a Satanás, como o príncipe da
potestade do ar (Ef 2.1-3). Mas como fomos amados! Nosso Deus é rico em
misericórdia e derramou seu amor em nós, vivificando-nos quando estávamos
mortos em nossos delitos e pecados (2.4-5). Ele não enviou seu filho para nos
condenar, mas para nos salvar (Jo 3.16-18). Tampouco essa é uma palavra
abstrata ou impessoal: “[Ele] me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl
2.20).
Se Deus
nos ama tanto, se ele nos perdoou de nossos pecados e rebelião, se ele nos
purificou de toda injustiça (1Jo 1.9), então não temos nada a temer. Como o
Apóstolo Paulo explica, não há nenhuma perda neste mundo que se compare à
alegria de ganhar Cristo (Fp 3.7-9). Todo sofrimento e dor que enfrentamos
podem ser suportados porque sabemos que Deus nos ama com um amor inextinguível
em todas as circunstâncias.
Esteja enraizado na soberania de Deus
Não é
apenas o caso de Deus nos amar. Ele também reina e governa sobre todas as
coisas. O Senhor declara o fim desde o princípio, e seus propósitos e conselhos
permanecerão de pé (Is 46.9-10). Nada pode entrar em nossas vidas à parte de
sua vontade soberana, pois ele governa até sobre onde as sortes são lançadas
(Pv 16.33). Isso significa que, em última análise, não há acasos. Nenhum
governante ou autoridade pode nos prejudicar, porque o Senhor inclina o coração
dos reis do jeito que quer (21.1). “No céu está o nosso Deus e tudo faz como
lhe agrada “(Sl 115.3). Ele “frustra os desígnios das nações e anula os
intentos dos povos”(33.10).
Jesus
ensina que nem mesmo um pardal cai em terra à parte da vontade de Deus (Mt
10.29). Se ele cuida de pardais, então também cuida dos cabelos da nossa cabeça
(v. 30). Eu recebi grande conforto com esses versículos, porque se pardais não
caem em terra à parte de Deus, então isso também não acontece com ciclistas.
Minha esposa estava nas mãos de Deus quando sua cabeça bateu na calçada. Não
estou dizendo que enfrentar a situação foi fácil, e eu desejaria, a partir de
uma perspectiva humana, que isso nunca tivesse acontecido. Mas eu tive esse
grande conforto por saber que minha esposa estava nas mãos amorosas e fortes de
Deus. Ele a ama muito mais do que eu a amo ou amarei.
Confie nas promessas de Deus
Devemos
confiar nas promessas de Deus, mas devemos atentar para quais são essas
promessas. Deus não promete que tudo vai sair do jeito que gostaríamos na vida.
Mesmo que Deus não nos prometa uma vida confortável, suas promessas são
incrivelmente confortadoras. Reconhecemos que as tristezas e preocupações da
vida pode nos atingir como um furacão. Em um momento estamos calmos e em paz e,
de repente, os ventos da preocupação estão soprando. Quando Satanás ataca,
devemos nos lembrar das promessas de Deus. Romanos 8.32 diz: “Aquele que não
poupou seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos
dará graciosamente com ele todas as coisas?” Deus fez a coisa mais difícil que
se possa imaginar. Ele entregou seu Filho quando éramos seus inimigos, para que
possamos passar da morte para a vida. Podemos ter certeza, então, que Deus nos
dará tudo o que precisamos,
Quando
tememos a perda, somos como Davi, que temia que as trevas iriam encobri-lo (Sl
139.11). As trevas podem vir, mas Deus acende a luz nas trevas, pois “até as
próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa” (v.
12). O Senhor é a nossa luz nas trevas. Como o Salmo 27.1 diz: “O SENHOR é a
fortaleza da minha vida; a quem temerei?” Não temos nada a temer, pois a morte
não é a realidade final. Nós servimos a um Deus que ressuscitou Jesus dentre os
mortos. Temos garantida uma eternidade de amanhãs felizes. “Ao anoitecer, pode
vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5).
Por:
Thomas Schreiner. © 2013 Ligonier Ministries. Original: Fear
of Loss.
Este artigo faz parte da edição de outubro de
2013 da revista Tabletalk. Tradução:
João Paulo Aragão da Guia Oliveira. Revisão:
Vinícius Musselman Pimentel. © 2015 Ministério Fiel.
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