segunda-feira, 1 de junho de 2015

O Grande Amor de Deus


Centenas de metros abaixo da minha cadeira há uma lagoa, uma caverna subterrânea de água cristalina conhecida como o Lençol Freático de Edwards. Nós Texanos do sul do estado sabemos muito sobre este lençol. Nós conhecemos seu comprimento (280 quilômetros). Nós conhecemos seu fluxo (de oeste para leste, exceto debaixo de San Antonio, onde corre de norte para sul). Nós sabemos que a água é pura. Fresca. Ela irriga fazendas e gramados e abastece piscinas e sacia a sede. Nós sabemos muito sobre o lençol d’água.
Mesmo conhecendo tantos fatos, há um essencial que não fazemos idéia. Nós não sabemos seu tamanho. A profundidade da caverna? Um mistério. Número de litros? Incomensurável. Ninguém sabe a quantidade de água que o lençol contém.
Assistindo o boletim meteorológico noturno você pensaria o contrário. Os meteorologistas dão atualizações regulares no nível do lençol freático. Dá-se a impressão que a quantidade de água é calculada. “A verdade é”, um amigo me explicou, ‘ninguém sabe quanta água tem lá embaixo.”
Será que é possível? Eu decidi descobrir. Eu chamei um técnico em conservação hídrica. “É verdade”, ele confirmou. “Nós fazemos estimativas. Nós tentamos medir. Mas a quantidade exata? Ninguém sabe.” Impressionante. Nós a usamos, dependemos dela, pereceríamos sem ela …mas, Medi-la? Nós não conseguimos.”
Isto lhe faz lembrar outra piscina imensurável? Pode ser. Não uma piscina de água, mas uma piscina de amor. O amor de Deus. Lençol freático fresco. Tão puro como a neve de abril. Um gole relaxa a garganta sedenta e amolece o coração endurecido. Deixe uma vida imergir no amor de Deus e veja-a emergir limpa e transformada. Nós conhecemos o impacto do amor de Deus.
            Mas o volume? Ninguém jamais o mediu.
Meteorologistas morais, preocupados se nós poderíamos esvaziar a provisão, sugerem o contrário. “Não beba profundo demais”, eles acautelam, recomendando porções racionadas. Afinal de contas, algumas pessoas bebem além da sua conta. Terroristas e traidores e aqueles que batem nas esposas, deixe tais vilões (salafrários, cafajestes ?) começar bebendo, e eles podem tomar demais.
Mas quem já conheceu as profundidades do amor de Deus? Somente Deus. “Quer ver o tamanho de meu amor?” ele convida. “Suba pelo caminho sinuoso de fora de Jerusalém. Siga os pontos de terra ensangüentada até chegar à colina. Antes de olhar para cima, pare e ouça-me sussurrar, ‘Isto é quanto eu amo você.’”
Músculos rasgados por chicote cobrem suas costas. Regatos de sangue descem pelo rosto dele. Os olhos e lábios dele estão fechados pelo inchaço. Punhados de barba foram arrancados. A dor é incendiante. Enquanto se enverga para aliviar a agonia das pernas, sua via aérea fecha. Ao ponto de sufocar, ele empurra músculos perfurados contra o prego e se arrasta para cima na cruz. Ele faz isso por horas. Dolorosamente, para cima e para baixo, até a força dele e as nossas dúvidas acabarem.
Deus lhe ama? Veja a cruz e veja sua resposta.
Deus o Filho morreu por você. Quem poderia ter imaginado tal presente? Na época quando Martinho Lutero estava tendo a Bíblia dele impressa na Alemanha, a filha de um tipógrafo encontrou o amor de Deus. Ninguém tinha lhe falado sobre Jesus. Por Deus, ela sentia nenhuma emoção, senão o medo. Um dia, ela juntou pedaços da Escritura caídos no chão. Num papel ela achou as palavras, “Porque Deus amou o mundo de tal forma que ele deu…” O resto do versículo ainda não havia sido impresso. Mesmo assim, o que ela viu foi o bastante para a comover. A idéia que Deus daria qualquer coisa a moveu de medo para alegria. A mãe dela notou a mudança de atitude. Quando perguntou a causa da felicidade dela, a filha tirou o pedaço amassado de parte do versículo do seu bolso. A mãe leu e perguntou, “O que foi que ele deu?” A criança estava perplexa por um momento e depois respondeu, “Eu não sei. Mas se Ele nos amou o bastante para nos dar qualquer coisa, nós não devemos ter medo dEle.”
Se Deus tivesse dado uma grande idéia, ou uma mensagem lírica, ou um cântico infinito … mas ele se deu. “Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus.” (Efé 5:2 NVI). Que espécie de devoção é esta? Procure a resposta na categoria “infalível.” A santidade de Deus exigia um sacrifício sem pecado, e o único sacrifício sem pecado era Deus o Filho. E, desde que o amor de Deus nunca deixa de pagar o preço necessário, ele o fez. Deus lhe ama com um amor infalível.
Inglaterra vislumbrou um amor parecido em 1878. A segunda filha da Rainha Victoria era a Princesa Alice. O filho dela, aos quatro anos, ficou infectado com uma aflição horrível conhecida como difteria preta. Os médicos quarentenaram o menino e avisaram a mãe para se manter afastada dele.
Mas ela não pôde. Um dia ela o escutou sussurrando para a enfermeira, “Por que minha mãe não me beija mais?” As palavras derreteram o coração dela. Ela correu ao filho e o cobriu de beijos. Dentro de alguns dias, ambos foram enterrados.
O que levaria uma mãe a fazer algo assim? O que levaria Deus a fazer algo maior? Amor. Ligue a maior ação de Deus ao maior atributo de Deus – o seu amor.
Mas como é que o amor de Deus se enquadra com o tema deste livro? Afinal de contas, “Não gira em torno de mim.” Se não gira em torno de mim – será que Deus se preocupa comigo? A prioridade de Deus é a glória dele. Ele ocupa o centro do palco, eu carrego as peças do cenário. Ele é a mensagem, eu sou apenas uma palavra. Isto é amor?
Sem dúvida. Você realmente quer o mundo revolvendo ao seu redor? Se “tudo gira em torno de você”, então “tudo é por sua conta”. Seu pai lhe poupa de um fardo tão grande. Enquanto você é valioso, você não é essencial. Você é importante, mas não indispensável.
Ainda não acha que isso é boa notícia?
Talvez uma história seria útil. Meu pai, um mecânico de campo de petróleo, nunca conheceu um carro que ele não pôde consertar. Esqueça de tacos de golfe ou raquetes de tênis, os brinquedos de meu pai eram alicates e chaves de fenda. Ele apreciava uma máquina acabada. Uma vez, enquanto ele estava nos dirigindo para visitar a irmã dele no Novo México, o carro soltou uma válvula. A maioria dos homens teria gemido todo o caminho até a oficina mecânica. Meu Pai, não. Ele chamou um caminhão de reboque e sorriu o resto do caminho até a casa da minha tia. Até hoje eu desconfio de sabotagem paterna. Uma semana de bate-papo familiar o repulsava. Mas uma semana debaixo do capuz? Esqueça do café e biscoitos. Dê-me o escape. Pai fez com um motor V-8 o que Patton fez com um pelotão--ele o fez funcionar.
Ó, se o mesmo pudesse ser dito do filho mais novo dele! Não pode. Meu problema com mecânicos começa com as duas extremidades do carro. Eu não consigo lembrar onde fica o motor. Qualquer um que confunde a estepe com a correia do ventilador provavelmente não tem talento para conserto de carro.
Minha ignorância deixou meu pai em uma posição precária. O que faz um mecânico qualificado com um filho que é qualquer coisa menos isso? Enquanto você começa a formular uma resposta, eu posso fazer esta pergunta – o que faz Deus conosco? Sob o cuidado dele, o universo funciona como um relógio Rolex. E os filhos dele? A maioria de nós temos dificuldade em manter as contas num talão de cheques. Então, o que é que ele faz?
Eu sei o que meu pai fazia. Muito para o crédito dele, ele me deixava ajudá-lo. Segurando alicates, limpando velas de ignição – ele me dava trabalhos para fazer. E ele sabia dos meus limites. Jamais ele disse, “Max, desmonte aquela transmissão, certo? Uma das engrenagens está quebrada.” Nunca disse isso. Em primeiro lugar, ele gostava da transmissão dele. Também, ele me amava. Ele me amava demais para me dar demais.
Deus faz assim. Ele conhece suas limitações. Ele está bem atento às suas fraquezas. Da mesma forma que você não poderia morrer pelos seus próprios pecados, você nem tampouco pode resolver a fome mundial. E, de acordo com ele, está tudo bem. O mundo não está dependendo de você. Deus lhe ama demais para dizer que é tudo gira em torno de você. Ele mantém o cosmos funcionando. Você e eu jogamos serragem nas manchas de óleo e o agradecemos pelo privilégio. Nós espiamos debaixo do capuz. Nós sabemos o que custa cuidar do mundo e sábios somos ao deixar nas mãos dele.
Dizer que não gira em torno de você não é dizer que você não é amado, muito pelo contrário. É porque Deus o ama que não gira em torno de você.
E, ó que amor isto é. É “maravilhoso demais para ser medido” (Efé. 3:19). Mas embora não possamos medi-lo, eu posso lhe exortar a confiar nele? Alguns de vocês têm tanta fome de um amor como este. Aqueles que deviam ter lhe amado não fizeram. Aqueles que poderiam ter-lhe amado não queriam. Você foi deixado no hospital, abandonado no altar. Deixado com uma cama vazia, deixado com um coração quebrado. Deixado com sua dúvida, “Será que alguém me ama”?
Por favor escute a resposta do céu. Enquanto você o observe na cruz, ouça Deus assegurar, “Eu lhe amo”.
Provavelmente um dia alguém achará o limite do lençol freático de água do Sul do Texas. Um submarino robótico, ou até mesmo um mergulhador; descerá pela água até que bata no chão firme. “Nós descobrimos as profundidades”, jornais anunciarão. Alguém dirá o mesmo do amor de Deus? Não. Quando o assunto é água, nós acharemos o limite. Mas quando é o amor dele, nós nunca o iremos.


Max Lucado

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