“Eu
vejo uma mancha que precisamos investigar”. Câncer. Não era o diagnóstico que
eu esperava receber enquanto um jovem prestes a começar uma família.
Imediatamente, minha mente se encheu de perguntas: Como irei contar à minha
esposa? Como ela ficará se eu morrer? Quanto custará o tratamento? Eu estou
pronto para morrer?
Nos
dias que se seguiram, não havia palavras. Ajudou-me o fato do câncer
diagnosticado ter uma taxa de cura de 95 por cento, mas eu estaria mentindo se
dissesse que isso eliminou minhas preocupações. Uma taxa de cura de 95 por
cento não é uma taxa de cura de 100 por cento. Será que eu estaria entre os
poucos “azarados”? Como seria possível manter o semblante franco e dizer à
minha esposa que “tudo vai ficar bem”, quando eu não tinha nenhum controle
sobre isso? Às vezes, as coisas não ficam “tudo bem” – pelo menos no curto
prazo.
Pessoas
morrem todos os dias. Bebês, adolescentes, jovens mães, pais de meia idade, os
mais velhos – a morte não respeita as pessoas. Não é exatamente verdade que as
únicas certezas da vida são a morte e os impostos. Você pode fugir dos
impostos. Se estiver disposto a passar um tempo na cadeia, você não precisa
pagar ao coletor de impostos. A morte, por outro lado, é certa. À exceção
daqueles que estiverem vivos quando o Salvador retornar para consumar o seu reino,
ninguém sai desse mundo vivo.
Por
que tememos tanto a morte? Para os não cristãos, a resposta é fácil. Não
importa o quanto eles suprimam a verdade pela injustiça, seja pelo ateísmo, o
agnosticismo ou a falsa religião, eles não podem escapar da consciência dada
por Deus de que eles quebraram a lei divina e merecem o inferno.
Os
cristãos também temem a morte e a doença. Certamente, nós sabemos que não
deveríamos fazê-lo e nunca dizemos a ninguém que nutrimos tais temores.
Obviamente, nós sabemos todas as coisas certas a dizer acerca da morte. Deus é
soberano. Ele tem um bom propósito na minha dor. O Senhor pode ensinar e
santificar a minha família, os meus amigos e a mim mesmo pelo processo do
sofrimento e da morte. Com frequência, porém, dizemos essas coisas porque
“temos que dizer”, e não por estarmos plenamente convencidos. Eu fui culpado
disso. De fato, todos nós somos culpados disso.
Os
cristãos não temem a morte e a doença pelas mesmas razões dos não cristãos,
porque sabemos que Cristo tem um lar para nós nos céus (João 14.1-3). Em vez
disso, nós tememos perder o controle. Fazemos seguros contra a perda de nossos
bens. Organizamos nossa rotina para sermos mais produtivos. Em geral, nós
desfrutamos de relacionamentos felizes e realizadores ao ouvirmos os outros e
nos doarmos. Mas, a despeito de nossos melhores esforços, não podemos fugir da
morte e da doença.
Nós
também tememos o sofrimento. Ninguém deseja uma doença terminal. Ninguém deseja
dor crônica. Ninguém deseja perder suas faculdades mentais.
De muitas
maneiras, é correto temer a morte e o sofrimento. Uma vez que Deus fez o
universo “muito bom” (Gênesis 1.1–2.4), a morte e a doença são intrusas. Elas
estão aqui por causa do pecado, e terão desaparecido nos novos céus e na nova
terra. Até lá, contudo, nós precisamos viver com o nosso temor da morte e da
doença. Como podemos glorificar a Deus desse modo?
Eu não
tenho todas as respostas, mas espero oferecer alguma ajuda. Primeiro, devemos
saber por que tememos a morte e a doença. Se você teme a morte porque não está
reconciliado com Deus, então você deve se reconciliar hoje pondo sua confiança
em Cristo somente. Ao confiar nele, você se apresentará ao Juiz de todos
revestido da perfeita justiça de Cristo e ele o receberá em seu reino. Ele
prometeu dar vida eterna a todos os que creem em Jesus.
Segundo,
admita os seus temores para Deus e para os outros. Eu não compreendo todas as
razões pelas quais o Senhor nos permite sofrer. Eu sei que ele usa a nossa dor
para nos conformar a Cristo. Confessar os nossos temores dá às pessoas a
oportunidade de orar por nós e nos encorajar a mantermos os olhos em Jesus, não
na nossa doença. Permite-nos levar os fardos uns dos outros e cumprir a lei de
Cristo (Gálatas 6.2).
Terceiro,
ajude a fazer da sua igreja um lugar onde as pessoas possam admitir os seus
temores honestamente. Fale com seus líderes sobre o que você pode fazer para
criar uma cultura de igreja na qual as pessoas possam encontrar ajuda se elas
ou alguém que elas amem esteja encarando a sombra da morte e da doença.
Envolva-se em grupos de apoio a pessoas enlutadas, convide famílias em
sofrimento para uma refeição – não há limites para o que pode ser feito.
Quarto,
confie na soberania de Deus. A morte e a doença não o surpreendem. Ele escreveu
todos os nossos dias (Salmo 139.16), então ele está sempre cumprindo os seus
bons propósitos por nós.
Por
fim, medite nas promessas de Deus até que elas se tornem parte da sua própria
alma. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum,
porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” (Salmo 23.4).
“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem
ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Romanos 8.18). “Porque a
nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima
de toda comparação” (2 Coríntios 4.17). Essas palavras de vida nos
confortam nos dias escuros.
Quatro
anos e dois filhos depois, eu estou livre do câncer. Mas a morte ainda jaz
adiante de mim e de todos nós. Que enfrentemos o temor da morte com a coragem
que é própria a nós, filhos de Deus.
Por: Robert Rothwell. © 2013 Ligonier
Ministries.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel.
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. © 2015 Ministério Fiel
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