Rev.
Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
A
adoção com muita freqüência não é incluída na ordem da salvação. A razão
não é que a Escritura não fale dela, mas que ela é um benefício da
justificação. Portanto, deve ser entendida como estando inclusa na justificação.
De
fato, a adoção é o primeiro e o maior dos benefícios da justificação.
Quando nossos pecados são livremente perdoados e somos feitos justos em
Cristo, Deus não somente nos recebe, mas nos recebe também como seus filhos
queridos.
A
Escritura fala freqüentemente da nossa adoção, do fato que somos pela graça
filhos de Deus, e que ele é o nosso Pai. Não é inapropriado, então, falar
de adoção como um tópico distinto.
A
adoção, como a justificação, tem vários passos. Ela pode ser traçada até
os conselhos da eternidade e tem sua conclusão nos novos céus e nova terra.
Os passos são esses:
Primeiro,
Deus coloca seu amor em nós e nos escolhe desde a eternidade para sermos seus
filhos (Rm. 8:29; Ef. 1:5). Lembre-se: Deus não nos escolhe porque merecíamos
ou mereceríamos ser seus filhos, mas para que pudéssemos ser seus filhos.
Fomos predestinados para a adoção de filhos.
Segundo,
no sofrimento e morte de Cristo Deus provê uma base legal para a nossa filiação,
pois não teríamos nenhum direito ao seu amor paternal e cuidado e nenhum
direito para morar em sua casa sem esse fundamento legal (Gl. 4:4,5; Ef. 2:13)
Poderíamos pensar nisso da seguinte forma: nossos papéis de adoção foram
escritos e selados com o sangue de Cristo.
Terceiro,
somos realmente recebidos na comunhão e na família de Deus através da obra
do Espírito, de forma que experimentamos seu amor e cuidado por nós (Gl.
4:6,7). Falando da vinda do Espírito Santo, João 14:18 diz literalmente: “Não
vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros”.
Nesse
ponto na adoção, Deus faz uma maravilha que transcende a prática terrena da
adoção. Deus pelo Espírito nos faz nascer de novo em sua própria imagem e
semelhança, para que sejamos como ele, algo que nunca pode ser verdade com
respeito aos nossos próprios filhos adotados (Ef. 4:24; 1 João 3:1,2).
Quarto,
porque “ainda não se manifestou o que haveremos de ser” (1 João 3:2), haverá
no dia do julgamento o que a Escritura chama de “a manifestação dos filhos de
Deus” (Rm. 8:19). Então todos verão que estamos em Cristo, e seremos
recebidos em nosso lar eterno para habitar ali com o nosso Pai para sempre. Nesse
dia nossos corpos também serão adotados, isto é, redimidos da presença e
poder do pecado (v. 23). É por isto que esperamos.
Predestinados
eternamente, preparados em Cristo, possuídos através do Espírito, e aperfeiçoados
na eternidade – que obra maravilhosa e graciosa de Deus é a nossa adoção.
Como João diz: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de
sermos chamados filhos de Deus” (1 João 3:1).
Fonte
(original): Doctrine according to Godliness, Ronald
Hanko, Reformed Free Publishing Association, p. 202-203.
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