JOAHANNES GEERHARDUS VOS
Segundo
o que a Bíblia ensina, o comunismo é errado a princípio. Não é errado
meramente em alguns de seus aspectos ou práticas, ou por causa dos abusos a
ele associados, mas é errado e maligno na sua idéia fundamental. Se
pudéssemos imaginar um “perfeito” estado de comunismo, em que não houvesse
tirania, campos de concentração, polícia secreta, propaganda política, nem
censura de informações, ele ainda seria inerentemente pecaminoso e maligno.
O
capitalismo viola a lei moral de Deus pelos males e abusos a ele vinculados; o
comunismo viola a lei moral de Deus por sua própria natureza e idéia
fundamental. O princípio do comunismo é a posse coletiva da propriedade
imposta pelo Estado. Isso pressupõe que a posse particular do indivíduo é um
mal que só pode ser tolerado em pequena escala, como uma concessão à
natureza humana. Isso é contrário à Bíblia, que ensina que a propriedade
privada é um direito dado por Deus. O ser humano individual, como portador da
imagem de Deus, deve ter o direito à propriedade privada e a aquisição de
riqueza, se for para desenvolver a sua personalidade conforme o propósito de
Deus e para O glorificar plenamente na sua relação com o seu ambiente.
A
imagem de Deus no homem abrange a implicação de que o homem deve ter o domínio
sobre a Terra (Gn 1.27-28); mas o homem é essencialmente um indivíduo, com
alma e consciência individuais, com competências e habilidades individuais,
com esperança e desejos individuais. O comunismo procura fundir o indivíduo à
massa da humanidade e isso envolve o sacrifício do elemento essencial da
personalidade do homem, como portador individual da imagem divina e mordomo de
Deus com domínio sobre uma parcela da criação de Deus.
O
comunismo assume que o indivíduo existe por causa da massa, da sociedade, mas
isso é contrário à Palavra de Deus, a qual nos ensina que a sociedade e
todas as instituições sociais existem por causa do indivíduo, para que ele
possa alcançar o propósito divino da sua vida e assim glorificar a Deus.
É o
indivíduo quem possui uma alma mortal, uma consciência e a capacidade para a
comunhão com Deus. Essas coisas sobreviverão a esse mundo e existem para
sempre. Elas é que dão dignidade e valor reais à vida humana. Qualquer
sistema que considere o ser humano individual como sem importância e busca
amalgamá-lo à massa supostamente pelo bem-estar da “sociedade” é
fundamentalmente errado e anticristão. Isso se aplica tanto à propriedade
coletiva compulsória quanto às outras subversões da individualidade da
personalidade humana.
Tradução: Marcos Vasconcelos. Recife - PE, 2006. Fonte: Comentário ao Catecismo Maior de
Westminster, p.141,3.
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