Brian Schwerte
Tradução:
Felipe Sabino de Araújo Neto
Para
entender a injunção do nosso Senhor, devemos entender primeiro o significado
da palavra tentação (grego, eirasmon). É importante definir essa palavra
cuidadosamente, pois a mesma palavra pode ter significados diferentes,
dependendo do contexto. Por exemplo, a palavra nem sempre é usada num sentido
negativo (isto é, como uma atração ao pecar). Algumas vezes o termo
significa uma prova, uma tribulação, um teste, um provar de algo ou mesmo uma
experiência. A palavra poderia ser usada no contexto de testar a qualidade do
ouro, ou a força de um arco. Assim, ela pode ter uma conotação positiva. A
palavra (na LXX) é usada até mesmo para descrever o propósito de Deus. Em Gênesis
22:1, diz-se que Deus testou Abraão. Jeová testou ou provou a fé de Abraão,
ao ordenar que ele sacrificasse Isaac, seu único filho. Da mesma forma, 2 Crônicas
32:31 diz que Deus testou Ezequias. Jeová queria saber se o rei estava cheio
de orgulho ou não.
Sabemos
que a mesma palavra grega tem significados diferentes (um dos quais não é
necessariamente negativo), pois embora freqüentemente leiamos que Deus testou
um indivíduo particular, também lemos que Deus nunca tenta um indivíduo.
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1:13). Jeová é um Deus justo,
reto e santo, e assim, nunca tenta ou seduz os homens para cometerem o mal. As
provas e testes que os crentes recebem das mãos da providência de Deus são
para o seu próprio bem espiritual e edificação.
Deus
amorosamente separa o trigo do joio, e o ouro do lixo. O apóstolo Pedro
descreve esse processo maravilho. Ele escreve: “Que mediante a fé estais
guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no
último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa,
sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações,
para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é
provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de
Jesus Cristo” (1Pe. 1:5-7).
O
Capitão da nossa salvação nos leva por sua providência a provações,
tribulações e sofrimentos da vida, e nos capacita a vencer, por seu precioso
sangue e pelo poder da sua ressurreição. Ele faz com que cresçamos em paciência,
maturidade, amor e graça. O Salvador nos coloca em batalhas para o nosso
próprio bem (Rm. 8:28ss.). Ele não permite que sejamos feridos ou
incapacitados, mas sim temperados e refinados. Jesus nos fortifica, de forma
que possamos vencer muitas vitórias do reino, e coroar nosso glorioso rei com
muitas coroas.
Outra
maneira na qual a palavra peirosmon é usada é negativa. Significa tentação
no sentido de uma sedução para cometer pecado. Denota um poder, argumento,
operação ou sedução para com o pecar. “Tentação, então, em geral é
qualquer coisa – estado, caminho ou condição – que sob certa circunstância,
tem a força ou eficácia de seduzir, apartar a mente e o coração de um homem
de sua obediência, que Deus requer dele, para qualquer pecado, em qualquer
grau dele”. Esse significado é o dado em nosso texto (Mt. 26:36- 41) e,
portanto, será o foco principal da nossa exposição doutrinária e prática
da exortação de Jesus.
A
tentação como um poder de sedução para com o pecado é um termo muito
amplo. Pode se referir a todas as variadas tentações externas: as atrações
do mundo, as enganosas solicitações de Satanás, os argumentos e seduções
dos não-regenerados, bem como todas as tentações internas que brotam dos
desejos pecaminosos que permanecem em nós (inveja, luxúrias, imaginações
impuras, cobiça, pensamentos de vingança injusta, etc.). Todas essas forças
podem agir numa variedade quase infinita de formas.
Fonte:
Extraído de Jesus’ Instructions for Dealing with Temptation, Brian Schwertley.