É quando
compreendemos a história da Queda (e só então), é que entendemos o porquê a
mensagem do cristianismo é uma boa notícia. No evangelho, Deus consolidou a
cura para a Queda, o resgate dessa terrível e contínua queda para o inferno.
Jesus é a
cura da Queda. Em Mateus 4, nós vemos algo absolutamente extraordinário. O
Filho de Deus se tornou homem. Assim como Adão antes da Queda, Jesus não foi
gerado em pecado, mas foi concebido diretamente pelo Espírito Santo. Assim como
Adão antes da Queda, Jesus é chamado a obedecer Deus diante de um terrível
ataque satânico. Porém, é aí que as similaridades com Adão terminam. Enquanto
Adão permanecia de estômago cheio no Paraíso, Jesus permaneceu no deserto de nosso
exílio de Deus com a barriga vazia durante quarenta dias de jejum. Enquanto
Adão teve o auxílio de uma esposa, Jesus estava só. Enquanto Adão tinha apenas
um mandamento a obedecer, Jesus tinha a lei como um todo para obedecer e
cumprir.
Começando
pelo deserto e seguindo até o Calvário, Jesus fez aquilo que Adão falhou em
cumprir. Ele resistiu a tentação de Satanás de exaltar-se à sua própria
maneira, seja transformando pedras em pães ou descendo da cruz. Jesus decidiu
obedecer a Deus livremente, ainda que isso o levasse à morte (João 10.18). “Não
se faça a minha vontade, e sim a tua”, disse ele em Lucas 22.42. Diferente de
Adão, ele não buscou a própria glória, mas a deixou de lado para que o Pai
fosse glorificado. A ironia é rica e profunda. Diferente de Adão, Jesus era, em
sua própria natureza, Deus. Ele tinha todo o direito de buscar a sua glória!
Mas como Paulo diz em Filipenses 2.6, Jesus “não considerou que o ser igual a
Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo,
tornando-se semelhante aos homens” (NVI). E então, enquanto servo, Jesus sofreu
o julgamento de Deus. Ele não mereceu esse julgamento. Pelo contrário, ele o
sofreu no lugar daqueles que mereciam.
Jesus
encarou a espada flamejante de Deus, aquela que guardava o caminho de volta ao
Jardim e à presença de Deus, e ele o atravessou à custa de sua própria vida.
Ele o fez para que qualquer pessoa que se arrependesse de sua idolatria e se
voltasse a Cristo pela fé encontrasse perdão dos seus pecados e reconciliação
com Deus. Ele fez isso para que pudéssemos ser bem-vindos ao lar novamente.
Paulo diz em Romanos 5: “porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos,
muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo,
foram abundantes sobre muitos”. Tal dádiva é o oposto da maldição: perdão ao
invés de condenação, vida ao invés de morte, reconciliação ao invés de exílio.
No final
da visão de João, no livro de Apocalipse, nós vemos um incrível retrato da
misericórdia encontrada mesmo em meio ao julgamento de Deus. Em Apocalipse
22:12 Jesus diz: “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que
tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”. Considerando a história
da Queda, tal afirmação não soa como boas novas. Porém, ele continua. “Eu sou o
Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Bem-aventurados
aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes
assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.” (Ap
22.13-14). No dia em que Adão e Eva se rebelaram, o Filho de Deus, o Alfa e o
Ômega, estava lá. De acordo com a direção da Trindade, tal determinação foi
consolidada. “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do
mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e
viva eternamente.” (Gn 3.22). E assim Adão e Eva foram banidos e a espada em
chamas foi posicionada no seu lugar.
Há muito
nesse verso que não entendemos, no entanto isto é claro: a decisão de Deus de
restringir Adão e Eva de comer da árvore da Vida não foi somente um ato de
juízo, mas também de misericórdia. Viver eternamente como um pecador
não-redimido é certamente a definição do inferno. Com tal ato de expulsão, Deus
preveniu o inferno para as criaturas que criou. Por todo o resto da história,
Deus continuou a agir em juízo com a misericórdia em vista, pois os seus
julgamentos temporais restringem que seu povo o provoque além da medida,
trazendo, assim, a história à uma conclusão prematura. Definitivamente, Apocalipse
nos ensina que o Filho do Homem posicionou a espada na entrada do Jardim do
Éden não somente para manter Adão do lado de fora, mas para que no tempo certo
ele mesmo, Jesus, pudesse passar por esse caminho no lugar de pecadores como
você e eu. Tendo satisfeito e encarado a espada do juízo de Deus na cruz por
nós, Jesus agora nos convida a caminhar de volta, a entrar pelo portão e comer
da Árvore da Vida.
Cristão,
este não é o seu lar. Portanto, pare de viver como se fosse. Viva como alguém
que é um cidadão da cidade celestial, o verdadeiro Jardim de Deus. Viva como
quem um dia entrará pelos próprios portões do céu. Enquanto isso, diga às
pessoas que elas podem voltar para casa, mas somente se encontrarem a sua
morada em Cristo.
Por:
Michael Lawrence. © 2010 9Marks. Original:
Leaving Home,
Returning Home. Este artigo faz parte do 9Marks Journal. Tradução: Paulo R. de A. Santos. Revisão: Vinicius Musselman. © 2016
Ministério Fiel.
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