Em um domingo qualquer da minha infância, outono, friozinho na cidade de Lages, serra Catarinense. Eu com meus 11 anos (+ou-), sendo acordada bem cedinho, pela minha mãe para ir a escola dominical, onde ela era professora. Eu não queria ir, queria dormir mais, ficar embaixo das cobertas quentinhas, ela insistindo para eu levantar da cama e me arrumar (meus 2 irmãos já estavam prontos!), e eu enrolando... Ela escolheu as roupas que eu iria usar, e eu querendo vestir outras... Eles estavam saindo para ir quando ela disse, termine de se arrumar e nos encontre para não nos atrasarmos. Eu abri a cortina, espiei até que eles desceram as escadas que ficava em frente para a casa e seguiram. O sol entrava lentamente na janela... Quando fechei a cortina e... ploft! A janela caiu em cima da minha mão. Quanta dor... Quanta dor... Frio com dor... Definitivamente meu domingo estava começando mal!
Enquanto saia para alcança-los, chamei a vizinha da frente (uma criança também), que estava indo a missa, e pedi para ela fechar meus sapatinhos que combinavam com o vestido, e falei que havia machucado a mão.
Cheguei na igreja, encontrei minha família e depois de algum tempo, falei para a minha mãe que havia demorado porque tinha machucado a mão, lembro-me de ter ouvido: Castigo de Deus porque você não queria vir a igreja! Perto do término da escola dominical, é que mostrei a minha mão para a minha mãe, que ficou assustada com o inchaço e com os hematomas. Saímos da igreja e seguimos para o hospital, onde tivemos o diagnóstico de alguns dedos quebrados e imediatamente tive a mão engessada.
Segunda-feira seguinte ao acidente, chego da aula no horário do almoço e... Encontro minha irmã mais velha com a mão engessada também, e como se não bastasse, a mesma mão.
Lembro-me de ter pensado e de ter dito em casa: Mas ela foi na igreja, viram como não foi castigo de Deus comigo? (Risos...)
A história acima parece bem engraçada, no mesmo dia, foi desvendado o mistério da janela: as borboletas que as segurava não estavam pressionadas pelo peso da janela, o que causava a queda quando a cortina era balançada, recolhendo as borboletas para o lado contrário de onde deveriam permanecer.
Eu estava orando enquanto fazia meu jantar, e pedi a Deus que confirmasse o desejo de eu relatar sobre o assunto a ser abordado nesse texto, e quando acabo de jantar, entro no meu twitter e me deparo com um link, de um texto extraído do livro O Conhecimento de Deus, de J. I. Packer.
Após ler o texto, devorei o capítulo 8 de Romanos.
É incrível como eu já havia lido muitas vezes a carta aos Romanos, em específico esse capítulo, mas foi hoje que os versículos quiseram saltar sobre os meus olhos.
Você já deve ter tido essa mesma revelação em outros textos também. E a gente diz: Deus, que lindo, que maravilhoso! Como eu nunca vi por esse ângulo? E acaba agradecendo ao Senhor pelas palavras que ele fala ao nosso coração.
Como comentei aqui em outros textos, cresci em um lar cristão, até meus 12, 13 anos eu era “arrastada” para a igreja com minha família; após essa idade, foram poucas as vezes que por vontade própria entrei em uma igreja evangélica.
Minha família teve como berço a igreja evangélica tradicional, então íamos das doutrinas do “não pode” à Deus quebrou minha mão, só porque eu estava a fim de ficar dormindo um pouco mais. Logo, esse Deus se tornou um grande castigador. Faço isso para que aquilo não me ocorra. E em meio a essa cultura, me tornei uma adulta cheia de revolta contra esse Deus, que diziam que havia me criado e que não me aceitava como eu era. Como pode isso??? Esse era o meu modo de pensar até o início do ano de 2009.
Eu tive um pai que eu amei muito, me envergonhei muito e mesmo sem nunca ter me batido, me fez por muitas vezes chorar o desespero de uma criança que vê sua mãe apanhar sem motivos. Eu tive um pai provedor, um pai ausente. Um pai cruel, outrora carinhoso e sábio no escrever seus longos textos, com a complexidade de palavras que me obrigavam a ter um dicionário por perto para compreendê-lo no seu jeito único de escrever como um grande e único escritor! Eu tive um pai assassinado pela violência urbana, eu tive um pai que se entregou a Cristo, não venceu a carne e se lançou no mundo. Eu tive um pai que me deixava dormir acariciando a sua orelha, e tudo ficava bem quando eu era a sua filhota e ele o meu pai, que me fazia crer que um dia ele iria ser o melhor pai do mundo...
Eu tive um pai, que creio hoje estar com Cristo, um pai que acredito ter sido perdoado e remido antes de seu último suspiro em vida.
Meus referenciais de paternidade, não eram perfeitos, de um lado eu tinha um Deus castigador; do outro um pai incoerente.
Já ouvi dizerem que nosso referencial de paternidade, esta muito ligado a forma de como vemos a Deus. Se tivemos um pai ausente, vemos Deus como um pai ausente, e assim por diante.
Eu confesso que levei tempo para entender e viver (ainda tenho aprendido) a “adoção” que Paulo nos diz em Romanos 8: 14 “...por que todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: "Aba, Pai".” (Abba! Isto é, “querido pai”)
Para se tornar filho, é necessário ser salvo. Para ser salvo, é necessário confessar que Jesus é o Senhor, e crer com o coração que Jesus ressuscitou dentre os mortos... Como está escrito em Romanos 10:9.
Na versão que estou lendo do Novo Testamento judaico, Romanos 10:9 diz: “Se você reconhecer publicamente com sua boca que Jesus é o Senhor e confiar de coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será libertado.”
Ser salvo, nos torna filhos. E como temos a certeza de que somos filhos? A resposta está em Romanos 8:16 “O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.”
O Espírito Santo, o mesmo que intercede por nós, como está escrito em Romanos 8: 26: “Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27 E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.” Esse mesmo Espírito Santo, que muitas vezes transforma nossos gemidos em palavras e as leva até Deus, é ele que nos dá a convicção da paternidade divina!
Como é bom ter um pai que foi capaz de entregar seu único filho por mim e por você, zelando pelas nossas vidas. É maravilhoso ler Romanos 8:32 “” Aquele que não poupou o próprio filho, mas o entregou a favor de todos nós – será possível que, nos tendo dado seu filho, não dos de também todas as coisas? 33 Portanto, quem acusará o povo eleito de Deus? Com certeza Deus não o fará – é ele quem os faz serem considerados justos! É Deus quem os justifica.”
É maravilhoso que o Deus que Davi Salmodiou em Salmos 139, seja o nosso “Querido Pai”: Salmos 139:1 SENHOR, tu me sondaste, e me conheces... Versículo 16 ...Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia...”
Eu não sei quais são os seus referenciais de paternidade, não sei quais as lembranças você carrega de seu pai.
Não sei como você tem vivido a paternidade divina de nosso “querido pai”. Mas de uma coisa eu sei, está escrito em Romanos 8: 34 “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós. 35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: "Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro".37 Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, 39 nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Minha oração nesta noite, é que nosso Querido Pai através de seu Espírito Santo adote os órfãos de paternidade divina... De paternidade terrena... E que através de Jesus Cristo, sejamos uma família de muitos irmão!
Que a Graça e a paz que excede todo entendimento, faça parte de seu dia a dia...
Aida Priscila ( :
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